São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2008

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ANTONIO BARTOLOMEU CABRAL (1960-2008)

O gol, e que gol, do rádio do Maranhão

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi uma partida em que a bola rolou preguiçosa, desgostosa até com um ou outro passe, mas os dez segundos de gol arrastados na voz de Deny Cabral fizeram aquele Bacabal e Palmas pela série C do Campeonato Brasileiro despontar no gogó. "E que gol, e que gol, e que goool."
Quem ligasse na rádio Mirante do Maranhão ouviria aquela voz detalhando notícias de morte, comentando a política local e narrando jogos de futebol, sua seara preferida. Verdade que a lábia e o ritmo recendiam aos programas de domingo de Fausto Silva (que ele, aliás, não perdia). Difícil era imaginar, de ouvido, a calva perfeita que brilhava ao sol e os óculos sobre o nariz redondo.
Antonio Bartolomeu Cabral nasceu em Pinheiro (MA), filho de um comerciante pobre e uma professora idem. Foi pescador, ajudante de pedreiro e vendedor de picolés, até começar no rádio, tinha lá seus 15 anos -e não parou mais.
Em São Luís começou na locução de anúncios, depois notícias, virou repórter, comentarista e apresentador. Após 32 anos consecutivos, era o Deny da voz dos jogos mais excitantes da série C.
Fã de Roberto Carlos (e de Padre Zezinho), ouvia-os em casa, com a mulher e os dois filhos, resignados todos com as 16 horas diárias de trabalho de Cabral. Como no dia da tal locução do Bacabal e Palmas, quando passou mal. Foi de férias para a praia, piorou e descobriu a leucemia. Morreu quinta, aos 47.

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