São Paulo, sexta-feira, 03 de setembro de 2004

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VIOLÊNCIA

Manuel Ribeiro Neto, 14, levou 2 tiros e não resistiu

Acusado de balear colega dentro da sala de aula é assassinado no Rio

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Acusado de ter baleado com um tiro o colega Róbson Gonçalves, 16, na manhã de anteontem, dentro de uma sala de aula em Belford Roxo (Baixada Fluminense), o adolescente Manuel Ribeiro Neto, 14, foi morto com dois tiros na noite do mesmo dia. A Polícia Civil investiga o motivo do crime.
Ribeiro Neto foi encontrado agonizando na rua Curitiba, bairro de Vilar Novo, em Belford Roxo, por volta das 23h. Baleado na cabeça e no peito, ele ainda foi levado por PMs para o hospital da Posse (Nova Iguaçu, Baixada Fluminense), onde morreu.
Seu colega permanece internado em estado grave no mesmo hospital. Ele foi baleado no abdômen e teve que ser operado. Estava em aula no Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) Augusto Rodrigues.

Acidente
Os encarregados da investigação informaram que continuam acreditando que Ribeiro Neto tenha baleado o colega por acidente. Segundo parentes dos adolescentes, os dois eram amigos e nunca tinham brigado.
Em depoimento, estudantes que estavam na sala de aula disseram que Ribeiro Neto estava mostrando a arma ao colega quando houve o disparo. Na hora do tiro, havia aula de inglês. A professora tinha saído da sala para falar com a diretora do Ciep.
Mas, segundo versão apresentada por parentes de Róbson Gonçalves, ao ver a arma, ele teria desafiado o colega ao dizer que o revólver não funcionava. "A arma é velha. Se você atirar, desmonta toda", teria dito ele a Ribeiro Neto, que, então, teria colocado uma bala e efetuado o disparo.
O tiro causou pânico entre os estudantes (todos da 6ª série do ensino fundamental), professores e funcionários do Ciep. Houve gritaria e correria. O incidente levou a diretora a fechar o colégio.
Após ter baleado Róbson Gonçalves, Ribeiro Neto fugiu. Segundo a polícia, a mãe, Marilene Pereira, foi a última pessoa a vê-lo antes de aparecer ferido e morrer no hospital. Ela contou que o filho estava muito desorientado e com medo de ser morto.
Ela disse que o filho lhe falou que achou a arma em um lixão no município de Duque de Caxias (Baixada Fluminense) e que foi orientado por terceiros a procurar a polícia para falar sobre o fato ocorrido no Ciep.
A polícia tenta esclarecer como o adolescente conseguiu entrar armado na escola, se havia largado os estudos quatro meses antes. A diretora e funcionários do Ciep serão ouvidos nos próximos dias.
A mãe de Ribeiro Neto afirmou que, mesmo tendo abandonado a escola, o filho continuava matriculado e, de vez em quando, aparecia no Ciep para assistir às aulas. Ele será enterrado na manhã de hoje no cemitério Belford Roxo.
O comandante do 20º Batalhão da PM (Nova Iguaçu, Baixada Fluminense), tenente-coronel Francisco D'Ambrósio, afirmou que tentou prender Ribeiro Neto anteontem, mas não conseguiu encontrá-lo.
A arma com que Ribeiro Neto baleou o colega ainda não foi encontrada pelos investigadores. A polícia investiga a possibilidade de traficantes da região terem punido Ribeiro Neto com a morte, em razão do incidente.


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