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DANUZA LEÃO
Apenas um problema de idioma
Quando um homem diz "te amo", pode ser traduzido de 500 maneiras, só que mulher ouve sempre da mesma
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VIVER É complicado? É, um
pouco. Por culpa de quem?
Dos outros? Não: nossa.
E como melhorar a vida? Sabendo
que todos temos um código, e no momento em que passamos a conhecer
o do outro -os dos outros, aliás-, tudo fica mais fácil. Se dentro da família
entender o código de cada um é difícil, não entender é como viver em um
universo em que diferentes idiomas
são falados dentro da mesma casa.
Sabe quando você recebe um telefonema de manhã e subitamente ouve a frase "te ligo mais tarde, quem
sabe a gente vai jantar?" Ela pode
querer dizer várias coisas; pode ser
apenas uma desculpa para desligar,
porque o celular está tocando; pode
ser que o assunto não esteja interessando e pode até ser que ele esteja
mesmo querendo jantar com você. E
pode também, claro, não querer dizer nada.
Os horários, por exemplo; um encontro marcado para nove da noite
pode significar nove e meia, entre
dez e meia e 11 e, em alguns casos, até
nove horas mesmo. Agora, pense: se
você conseguir decodificar o idioma
daquela pessoa, nunca vai se irritar.
Sabendo que quando ele diz nove
quer dizer 11, dá para assistir o telejornal, a novela, tomar um banho demorado e ficar pronta às 10h45, pois
sabe que quando ele diz nove está
querendo dizer 11, certo? São essas filigranas que desgastam uma relação,
e é preciso fazer todos os esforços para evitar que isso aconteça. Os esforços têm que ser da mulher, claro, pois
é sempre ela quem tem que compreender (e aceitar).
Um capítulo sujeito a muitos mal-entendidos é o do amor. Quando um
homem diz "eu te amo", isso pode ser
traduzido de umas 500 maneiras, só
que as mulheres costumam ouvir
sempre da mesma. A mais freqüente
é ele dizer "eu te amo" e ela ouvir
"quero me casar com você", sendo
que a maior parte das vezes ele diz
"eu te amo" querendo dizer apenas
"quero ir para a cama com você".
Complicado, não? Por essas e outras
são tão difíceis as relações amorosas,
e na hora da separação, dá no que dá.
Voltemos ao "eu te amo".
Essa declaração de amor, digamos
assim, pode também querer dizer que
ele está te amando naquele momento,
sem que isso signifique, necessariamente, que pretenda fundar um lar. E
dependendo do quanto bebeu, com a
luz e a música certas, pode até pintar
uma proposta de morarem juntos, o
que não quer dizer que ela deva levar
ao pé da letra o que ouviu -e é melhor
mesmo que não leve. Mas mulheres
a-do-ram serem pedidas em casamento, e costumam cobrar tudo que é
dito, sobretudo em momentos mais,
digamos, românticos.
Começa com um "na sua casa ou na
minha?", e dependendo de estarem
na segunda ou terceira garrafa de vinho, em meia hora estarão discutindo sobre se vão usar o mesmo computador ou se é melhor cada um ter o
seu. E o cachorro, vai?
E o gato, fica? Na manhã seguinte
-segunda-feira- ela acorda outra
mulher e passa o dia fazendo planos.
Quanto a ele -bem, todos sabem
que o álcool provoca uma grande amnésia, sobretudo nos homens. Ele
acorda e sai todo lampeiro, volta para
seu adorado espaço e vai ficar espantado quando telefonar à noite dizendo que está exausto, "vamos deixar
para nos ver amanhã", e ela responder de mau humor.
Homem e mulher, uma encrenca;
mas se um dia eles falarem a mesma
língua pode até ser que comecem a se
entender.
Mas também pode acontecer de ficar tudo muito sem graça.
danuza.leao@uol.com.br
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