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Piano do século 19 é achado na Academia Paulista de Letras
Instrumento foi encontrado por assistentes do arquiteto responsável pela reforma do edifício
Acredita-se que ele veio de uma doação e era tocado em saraus da turma da Semana de Arte Moderna de 1922
Marcelo Justo/Folhapress
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O restaurador Amauri Pimenta realiza ajustes em piano encontrado durante a reforma da Academia Paulista de Letras
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO
Um piano raro do século
19, tão antigo quanto as modinhas de Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth, foi encontrado esquecido e empoeirado na atual reforma da
Academia Paulista de Letras.
O instrumento -que se
acredita ter sido tocado nos
saraus da turma da Semana
de Arte Moderna de 1922- é
tão remoto que possui castiçais para velas iluminarem a
partitura, numa época em
que não existia luz elétrica.
Foi achado fortuitamente
por assistentes do arquiteto
João Armentano, responsável pelo projeto da reforma.
Alguns funcionários sabiam da sua existência, mas
ninguém se deu conta do seu
valor histórico e cultural.
Em dois tempos, o objeto
atiçou a curiosidade da artista Di Bonetti, curadora das
obras de arte da academia.
Da marca alemã Rud.
Ibach Sohn, o piano de armário tem todas as peças originais. Dois especialistas avaliaram o instrumento.
Pelo número de série, a fabricação data da segunda
metade do século 19.
"O timbre é algo alemão
mesmo. Esse tempo todo sem
afinação, e a musicalidade é
incrível. As cordas respondem com brilho", diz o restaurador Amauri Pimenta.
Nenhum piano aparece
nos ativos de compra da instituição. O mais provável é
que ele tenha sido doado por
René Thiollier, um dos mecenas da Semana de Arte Moderna, que tocava piano.
"A academia tem tesouros
que as pessoas não sabem.
Como o piano tem um valor
inestimável, vamos convidar
músicos para saraus", diz José Renato Nalini, presidente
da academia.
Pela idade e valor cultural
agregado, o preço de mercado do piano só poderia ser
calculado num leilão de arte.
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