São Paulo, quinta, 3 de setembro de 1998

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SAÚDE
Pesquisa do CRM diz que hospitais privados têm menos equipamentos e profissionais, mas situação é grave em todos
Maternidade pública tem mais recursos

CARLA CONTE
da Reportagem Local

As maternidades universitárias e públicas têm mais recursos humanos e infra-estrutura material que as de hospitais particulares, no Estado de São Paulo. Essa é uma das conclusões da pesquisa feita pelo CRM-SP (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), cujos técnicos visitaram 99 maternidades.
Foram visitados, em oito meses, 6 hospitais estaduais, 10 municipais, 30 particulares lucrativos, 43 particulares filantrópicos e 10 universitários, o equivalente a 15% do total de hospitais do Estado.
Porém, segundo o CRM, a maioria desses hospitais não possui registro do índice de mortalidade materna e infantil e de infecção hospitalar, indicadores significativos da qualidade do atendimento.
De acordo com o CRM, a situação nas maternidades é gravíssima por causa da falta de profissionais e equipamento. "Porém os hospitais públicos estão numa situação menos grave que os particulares", afirma Cristião Fernando Rosas, diretor do departamento de fiscalização da entidade.
Os principais itens avaliados levam em conta a presença de anestesista, neonatologista (especialista em recém-nascidos), obstetra, comissões de ética e de controle de infecção hospitalar, equipamentos no berçário, sala de parto e de admissão, programa de aleitamento materno e número de cesáreas, entre outros.
Em 57% das maternidades públicas visitadas, há um médico anestesista 24 horas por dia, índice que sobe para 78% nos hospitais universitários. Esse valor despenca para 12% nos privados.
A variação também ocorre no que diz respeito à presença de neonatologista (especialista em recém-nascidos) ou pediatra na sala de parto. Nos hospitais universitários, há o especialista em 90% deles. Nos públicos, esse índice passa para 62% e, nos privados, para 15%.
O atendimento de gestante de alto risco é mais presente nos hospitais públicos. Entre eles, 60% atendem esse tipo de gestante, índice que cai para 38% nos particulares. O mesmo ocorre quanto à existência de UTI neonatal -82% dos hospitais privados não têm esse tipo de unidade contra 62% dos hospitais públicos.
Quanto à taxa de cesárea, ela se mostra maior nos hospitais particulares. Cerca de 72% desses hospitais fazem 50% de cesáreas. Em 36% dos hospitais públicos, metade dos partos é cesárea.
Segundo o CRM, esse índice alto é consequência da falta de profissionais preparados. "Onde não há obstetra de plantão e enfermeira obstetriz, que podem fazer o parto normal, é mais conveniente fazer cesárea, porque aí é possível programar a cirurgia e ter o médico naquela hora já predeterminada", afirma Rosas.



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