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LEGISLATIVO
Decisão determinou a saída em inquérito que investiga intervenção de vereadora para favorecer viação de ônibus
Athiê é afastada por liminar da Justiça
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma liminar judicial determinou ontem o afastamento da vereadora Myryam Athiê (PPS),
acusada de receber dinheiro para
favorecer uma empresa de ônibus
que estava sob intervenção da
Prefeitura de São Paulo.
Essa é a primeira vez nas últimas décadas em que um vereador
é afastado da Câmara Municipal
por decisão judicial. Em 1999, a
Justiça decretou a prisão do vereador Vicente Viscome, mas não
seu afastamento -tanto que ele
até foi às sessões, mesmo detido.
Em sua decisão, o juiz decide
pelo afastamento porque existe a
"forte possibilidade" de que Athiê
intimide testemunhas "valendo-se do cargo e das funções".
O presidente da Câmara Municipal, Arselino Tatto (PT), disse
que, quando a determinação do
afastamento chegar oficialmente,
vai encaminhar a decisão à sua assessoria jurídica, para analisar
"quais são os efeitos" da medida.
Até a noite de ontem, a vereadora e a Câmara Municipal paulistana ainda não tinham sido notificadas da decisão. De acordo com
a sua assessoria, Athiê estava viajando, no sul de Minas Gerais, e
nega todas as acusações.
A vereadora é investigada ainda
pela Corregedoria da Câmara
Municipal, que tem até o próximo
dia 11 para concluir um parecer.
Bens e sigilo bancário
Além de determinar o afastamento de Athiê, a decisão judicial
torna seus bens indisponíveis até
o limite de R$ 160 mil e quebra seu
sigilo bancário desde o início deste ano até o dia 28 de fevereiro.
Também foi atingido pela decisão Milton Sérgio Júnior, suspeito
de intermediar o suposto esquema e ex-chefe de gabinete da vereadora. Ele também teve os bens
declarados indisponíveis, o sigilo
bancário quebrado e o afastamento decretado. Atualmente
Milton Sérgio é chefe de gabinete
da Subprefeitura da Mooca, na
zona leste, base eleitoral de Athiê.
Além de Athiê e do ex-chefe de
gabinete, são réus na ação do Ministério Público o presidente da
São Paulo Transporte (empresa
da prefeitura que cuida do setor),
Gerson Bittencourt, o advogado
Jorge Fukuda (que teria sido contratado pela viação para atuar na
negociação), a advogada Roberta
Lanhoso (da SPTrans) e a viação
de ônibus Cidade Tiradentes.
O Ministério Público foi à Justiça porque diz ter provas de que
Athiê intercedeu ilegalmente em
favor da viação Cidade Tiradentes, empresa em que a prefeitura
injetou mais de R$ 23 milhões durante o período de intervenção.
Os donos da viação, hoje presos,
deram como garantia um terreno
superavaliado. A prefeitura aceitou uma avaliação de R$ 38 milhões, mas a área -que o Incra
diz nem existir- teria sido comprada por menos de R$ 2 milhões.
Segundo a Promotoria, a vereadora recebeu R$ 40 mil para conseguir que a intervenção fosse retirada. Depois, a Cidade Tiradentes ainda venceu a licitação para o
novo sistema de transportes paulistano. Hoje, a empresa está descredenciada e fechada.
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