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Caixa-preta do Boeing é achada danificada
Parte do equipamento que carrega dados específicos do vôo, como altitude e velocidade, está amassada e faltando um pedaço
Coordenador das Forças
Armadas admite que o
estado em que o aparelho se
encontra pode prejudicar
a reconstituição do vôo
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A NOVO PROGRESSO
(PA)
Militares da Aeronáutica e do
Exército acharam ontem de
manhã as caixas-pretas do
Boeing 737-800 que caiu em
Mato Grosso. A parte com os
dados específicos do vôo, como
velocidade e altitude, está
amassada e faltando um pedaço, o que pode comprometer a
reconstituição das circunstâncias da queda.
A caixa-preta que guarda os
dados sonoros do vôo 1907, como as conversas do comandante da aeronave, foram localizadas em "bom estado", segundo
o brigadeiro Jorge Kersul Filho, coordenador das Forças
Armadas no local do acidente.
A outra parte, porém, com os
dados técnicos está avariada.
"Falta uma espécie de cilindro
central, que ainda estamos tentando localizar", disse Kersul.
A análise das caixas-pretas é
fundamental para conhecer
exatamente em que altitude e
em que procedimento (subida,
descida, vôo de cruzeiro) a aeronave da Gol estava no momento do acidente -choque
com o Legacy da Embraer.
"[A localização das caixas-pretas] é muito importante
porque resultará nos dados do
Boeing. Então, se os pilotos observaram alguma coisa, se houve algum sinal auditivo, como
alerta de som, isso estará gravado. E também toda a parte de
equipamento da aeronave como radar", disse o brigadeiro
Kersul, em entrevista.
O coordenador das Forças
Armadas no local do acidente
admite, porém, que as condições nas quais as partes das caixas se encontram podem eventualmente prejudicar a reconstituição de detalhes do vôo. "Se
estiverem íntegras, nós teremos todos os dados do vôo e toda a comunicação em rádio do
vôo", disse o brigadeiro.
Num prazo máximo de duas
semanas, de acordo com Kersul, poderá se ter acesso aos dados da caixas-pretas. "Mas a interpretação dos dados fica para
um prazo a seguir."
Destroços
O material foi localizado nos
destroços da parte traseira da
aeronave e encaminhado ontem mesmo a Brasília numa aeronave da FAB (Força Aérea de
Brasileira).
Até ontem pela manhã, apenas uma parte dos destroços
havia sido achada -a que inclui
o trem de pouso e parte das asas
do Boeing da Gol. Logo depois,
em sobrevôos rasantes de helicópteros, foi localizado o que
sobrou da fuselagem traseira
da aeronave, a uma distância de
800 metros da clareira aberta
ao lado do trem de pouso. Nela,
estavam as caixas-pretas, içadas a um helicóptero e levadas à
base aérea do Cachimbo.
A base fica às margens da BR-163 numa área do município de
Novo Progresso, no sul do Pará
(1.691 km de Belém).
O Boeing da Gol provavelmente caiu de nariz na floresta
e seus destroços permanecem
encobertos pelas árvores, que
na região chegam a ter 40 metros de altura. Noventa militares estão envolvidos na operação de resgate. "Nós ficaremos
aqui o tempo que for necessário", disse o brigadeiro Kersul
ontem, no final da tarde, em entrevista na base aérea.
Na base, há dois frigoríficos
(uma caminhão e uma carreta)
onde os corpos são colocados.
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