São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2006

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Caixa-preta do Boeing é achada danificada

Parte do equipamento que carrega dados específicos do vôo, como altitude e velocidade, está amassada e faltando um pedaço

Coordenador das Forças Armadas admite que o estado em que o aparelho se encontra pode prejudicar a reconstituição do vôo

EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A NOVO PROGRESSO (PA)

Militares da Aeronáutica e do Exército acharam ontem de manhã as caixas-pretas do Boeing 737-800 que caiu em Mato Grosso. A parte com os dados específicos do vôo, como velocidade e altitude, está amassada e faltando um pedaço, o que pode comprometer a reconstituição das circunstâncias da queda.
A caixa-preta que guarda os dados sonoros do vôo 1907, como as conversas do comandante da aeronave, foram localizadas em "bom estado", segundo o brigadeiro Jorge Kersul Filho, coordenador das Forças Armadas no local do acidente.
A outra parte, porém, com os dados técnicos está avariada. "Falta uma espécie de cilindro central, que ainda estamos tentando localizar", disse Kersul.
A análise das caixas-pretas é fundamental para conhecer exatamente em que altitude e em que procedimento (subida, descida, vôo de cruzeiro) a aeronave da Gol estava no momento do acidente -choque com o Legacy da Embraer.
"[A localização das caixas-pretas] é muito importante porque resultará nos dados do Boeing. Então, se os pilotos observaram alguma coisa, se houve algum sinal auditivo, como alerta de som, isso estará gravado. E também toda a parte de equipamento da aeronave como radar", disse o brigadeiro Kersul, em entrevista.
O coordenador das Forças Armadas no local do acidente admite, porém, que as condições nas quais as partes das caixas se encontram podem eventualmente prejudicar a reconstituição de detalhes do vôo. "Se estiverem íntegras, nós teremos todos os dados do vôo e toda a comunicação em rádio do vôo", disse o brigadeiro.
Num prazo máximo de duas semanas, de acordo com Kersul, poderá se ter acesso aos dados da caixas-pretas. "Mas a interpretação dos dados fica para um prazo a seguir."

Destroços
O material foi localizado nos destroços da parte traseira da aeronave e encaminhado ontem mesmo a Brasília numa aeronave da FAB (Força Aérea de Brasileira).
Até ontem pela manhã, apenas uma parte dos destroços havia sido achada -a que inclui o trem de pouso e parte das asas do Boeing da Gol. Logo depois, em sobrevôos rasantes de helicópteros, foi localizado o que sobrou da fuselagem traseira da aeronave, a uma distância de 800 metros da clareira aberta ao lado do trem de pouso. Nela, estavam as caixas-pretas, içadas a um helicóptero e levadas à base aérea do Cachimbo.
A base fica às margens da BR-163 numa área do município de Novo Progresso, no sul do Pará (1.691 km de Belém).
O Boeing da Gol provavelmente caiu de nariz na floresta e seus destroços permanecem encobertos pelas árvores, que na região chegam a ter 40 metros de altura. Noventa militares estão envolvidos na operação de resgate. "Nós ficaremos aqui o tempo que for necessário", disse o brigadeiro Kersul ontem, no final da tarde, em entrevista na base aérea.
Na base, há dois frigoríficos (uma caminhão e uma carreta) onde os corpos são colocados.


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