São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2006

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"A realidade é a melhor forma de viver o luto", diz psicóloga

LAURA CAPRIGLIONE
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

"Eu sou favorável a falar claramente para as pessoas sobre a gravidade da situação que elas estão enfrentando. Que ninguém espere encontrar o corpo íntegro de um parente morto, quando se sabe que só há fragmentos. É a melhor forma de ajudar os parentes a viver o luto." A opinião é da psicoterapeuta Solange Mesquita Gomes, 38, uma das profissionais que estão assistindo as famílias das vítimas do vôo 1907.
Ela presta serviços a uma empresa especializada em gestão de crise, a Auster, que foi contratada por nove companhias que têm funcionários entre as vítimas.
A reportagem da Folha encontrou-a na porta do hotel Meliá, quando ela havia acabado de atender um homem que perdeu o filho e que, chorando, repetia: "O meu menininho, que eu peguei no colo".
Já uma mulher de outro passageiro reivindicava: "O que eu quero é a cabeça do meu marido, só isso".
Em meio ao drama, Mesquita explicou seu trabalho:

Desespero
Ontem, as famílias estavam muito angustiadas, desesperadas. Sem chão. Hoje, estão mais tristes. Começaram a aceitar a perda dos familiares e estão um pouco mais tranqüilas, começaram a processar o luto.

Luto
Já está em um momento em que as famílias podem pensar: o sofrimento é muito grande, mas se eu pudesse escolher entre ter e não ter esse filho que opção eu faria? Ora, se eu estou sofrendo tanto é porque valeu muito a pena tê-la por perto. Agora estou trabalhando em torno da idéia de que talvez as vítimas não tenham sofrido.


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