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outro lado
Delegado nega ter extorquido traficante
Pedro Luís Pórrio afirma estar com a "consciência tranqüila"; secretaria da Segurança não se manifestou sobre investigação
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado Pedro Luís Pórrio, 58, atual chefe do SIG (Setor de Investigações Gerais), da
5ª Delegacia Seccional Leste,
negou ontem que tenha coordenado a suposta extorsão mediante o seqüestro de Ana Maria Stein, uma das acusadas de ligação com o grupo criminoso
chefiado pelo narcotraficante
Juan Carlos Ramírez Abadía.
"Nunca tive a felicidade de
fazer nenhuma investigação
em cima de Abadía. Gostaria de
fazer. Por quê? Um grande traficante e, nós, quando éramos
do Denarc [departamento de
narcóticos] gostávamos de fazer serviços grandes", disse
Pórrio, que chefiou nove equipes de investigadores (com três
policiais cada) no Denarc.
"Então, essa mulher [Ana
Maria Stein] nunca passou pela
minha delegacia [do Denarc]",
continuou o delegado, que riu
ao ser questionado se havia ficado com os US$ 800 mil que
teriam sido pagos pelo resgate.
"Estou tranqüilo, não participei de nenhuma investigação.
Quanto a esses fatos, não procede. Minha consciência está
tranqüila. Nunca fiz investigação de quem quer que seja da
quadrilha desse narcotraficante, " afirmou. O delegado disse
não conhecer o empresário Daniel Maróstica nem sua mulher, Ana Maria Stein.
O delegado atribui o fato de o
seu nome ter sido citado nos
depoimentos como uma possível estratégia de eventuais policiais envolvidos na extorsão.
"Pode ser que um policial tenha
me vendido", afirmou.
O secretário da Segurança
Pública, Ronaldo Marzagão,
não quis se manifestar sobre as
supostas extorsões. Alegou, por
meio de sua assessoria, que não
comenta casos concretos -só
fala de política da segurança.
A secretaria não quis informar onde trabalha o delegado
Irani Guedes Barros, citado nos
depoimentos como um dos
participantes da suposta extorsão. A reportagem não conseguiu encontrá-lo.
A assessoria de Marzagão
afirmou que, na próxima segunda, o delegado Fernando
Costa Neto, da Corregedoria da
Polícia Civil, vai ao presídio federal de Campo Grande ouvir
Abadía sobre as supostas propinas pagas a policiais. Se Abadía
falar, o depoimento ocorrerá 53
dias depois de a Folha ter revelado as primeiras informações
sobre o caso. Na próxima terça-feira, Costa Neto deve ouvir
três integrantes do grupo de
Abadía presos em São Paulo.
Ainda segundo a assessoria
da secretaria, a investigação sobre as supostas propinas não
está na estaca zero. Foram feitas diligências que não podem
ser divulgadas porque o inquérito na Corregedoria corre em
segredo de Justiça.
(MCC e AC)
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