|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ministério da Saúde quer aumentar rigor no uso e distribuir material educativo
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento da prescrição da
talidomida para outras doenças
além da hanseníase, associado
a uma "afrouxada" na vigilância
do uso da droga, levou ao aparecimento de novos casos da síndrome. A avaliação é do próprio
Ministério da Saúde, que pretende aumentar o rigor da utilização do remédio, distribuir
material educativo sobre os perigos e mudar a embalagem do
remédio e o termo de consentimento informado.
A pasta também está financiando uma pesquisa para avaliar os casos de bebês que nascem com má-formações nas maternidades brasileiras para
saber se há casos subnotificados da síndrome, como suspeitam os pesquisadores.
Segundo Maria Leide Wan-Del-Rey, coordenadora do programa de controle de hanseníase do ministério, em pelo menos dois casos recentes de
crianças nascidas com a síndrome, possivelmente, as gestantes tomaram o remédio com a
intenção de abortar.
"A caixa do remédio traz uma
ilustração de uma grávida com
risco na barriga, que quer dizer
que ele não deve ser tomado
por grávidas. Mas, por ignorância, as mulheres pensam que o
remédio é abortivo. Temos que
mudar a embalagem."
Ela afirma que a preocupação é grande porque, nos próximos anos, deve aumentar a indicação da talidomida para outros fins. "A talidomida é um
medicamento fantástico, barato, com poucos efeitos adversos
e bem tolerado pela pessoa que
toma dentro do que está previsto na legislação. Só tem que ter
muito cuidado."
Hoje, o remédio é fabricado
por um laboratório do governo
federal. O paciente com hanseníase, por exemplo, recebe o remédio a cada 30 dias. Apesar de
haver uma portaria que proíbe
a mulher em idade fértil de receber a droga, ela prevê o uso
em casos excepcionais, desde
que a mulher utilize dois métodos anticoncepcionais, sendo
que um deve ser injetável e
aplicado na unidade de saúde.
Segundo a coordenadora, outra preocupação do ministério
é com a talidomida contrabandeada que pode chegar ao Brasil. "Temos um total controle
na fabricação, mas há outros fabricantes de talidomida no
mundo e vai ser difícil controlá-la. As pessoas podem comprar
desses laboratórios."
(CC)
Texto Anterior: Preocupação: Associação aponta falha em vigilância Próximo Texto: Com prótese na perna, Cláudia afirma levar uma vida normal Índice
|