São Paulo, quarta-feira, 03 de outubro de 2007

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Ministério da Saúde quer aumentar rigor no uso e distribuir material educativo

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento da prescrição da talidomida para outras doenças além da hanseníase, associado a uma "afrouxada" na vigilância do uso da droga, levou ao aparecimento de novos casos da síndrome. A avaliação é do próprio Ministério da Saúde, que pretende aumentar o rigor da utilização do remédio, distribuir material educativo sobre os perigos e mudar a embalagem do remédio e o termo de consentimento informado.
A pasta também está financiando uma pesquisa para avaliar os casos de bebês que nascem com má-formações nas maternidades brasileiras para saber se há casos subnotificados da síndrome, como suspeitam os pesquisadores.
Segundo Maria Leide Wan-Del-Rey, coordenadora do programa de controle de hanseníase do ministério, em pelo menos dois casos recentes de crianças nascidas com a síndrome, possivelmente, as gestantes tomaram o remédio com a intenção de abortar.
"A caixa do remédio traz uma ilustração de uma grávida com risco na barriga, que quer dizer que ele não deve ser tomado por grávidas. Mas, por ignorância, as mulheres pensam que o remédio é abortivo. Temos que mudar a embalagem."
Ela afirma que a preocupação é grande porque, nos próximos anos, deve aumentar a indicação da talidomida para outros fins. "A talidomida é um medicamento fantástico, barato, com poucos efeitos adversos e bem tolerado pela pessoa que toma dentro do que está previsto na legislação. Só tem que ter muito cuidado."
Hoje, o remédio é fabricado por um laboratório do governo federal. O paciente com hanseníase, por exemplo, recebe o remédio a cada 30 dias. Apesar de haver uma portaria que proíbe a mulher em idade fértil de receber a droga, ela prevê o uso em casos excepcionais, desde que a mulher utilize dois métodos anticoncepcionais, sendo que um deve ser injetável e aplicado na unidade de saúde.
Segundo a coordenadora, outra preocupação do ministério é com a talidomida contrabandeada que pode chegar ao Brasil. "Temos um total controle na fabricação, mas há outros fabricantes de talidomida no mundo e vai ser difícil controlá-la. As pessoas podem comprar desses laboratórios." (CC)


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