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Menção ao Fome Zero sai de livro escolar
Livro de história para rede privada terá versão diferente da obra destinada à escola pública, eliminando trecho sobre programa
Ministério da Educação distribui 5,7 milhões de exemplares de obras dessa coleção a estudantes de quinta a oitava série
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A editora Moderna retirou
do livro "Projeto Araribá - História, 8ª série", que estará disponível às escolas particulares
no ano que vem, transcrição de
trecho de documento do Instituto da Cidadania, ligado ao PT,
sobre o programa Fome Zero,
lançado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva em 2003.
Na versão para alunos da rede pública, cujos livros foram
comprados pelo Ministério da
Educação, consta não só um
trecho do documento como a
afirmação de que "o combate à
fome é o principal objetivo do
governo Lula", conforme informou ontem o jornal "O Globo".
O texto dos livros comprados
pelo MEC diz que "os instrumentos que colocaremos [governo petista] em ação permitirão promover o desenvolvimento, gerar emprego e distribuir renda". A obra reproduz
ainda o logotipo do programa.
O programa Fome Zero desenhado na campanha de 2002
foi, na prática, abandonado em
2003 e substituído pelo Bolsa
Família. O livro, que, segundo o
MEC, vai ser distribuído às escolas públicas pela primeira
vez no ano que vem, é de 2006.
As obras da coleção "Projeto
Araribá - História" são as mais
compradas pelo Ministério da
Educação no PNLD (Programa
Nacional do Livro Didático) de
2008, com 5,7 milhões de
exemplares distribuídos aos
alunos de quinta a oitava série,
ao custo de R$ 25,5 milhões.
A coleção substitui no posto
de mais vendido do programa a
série "Nova História Crítica",
da Nova Geração, que foi tirada
do programa de 2008. A obra,
crítica ao capitalismo, chama o
ditador chinês Mao Tse-Tung
de "grande estadista".
Os livros são avaliados por
especialistas de universidades
federais e escolhidos pelos professores da rede pública.
Diferença
As versões do "Projeto Araribá" enviadas às escolas públicas e às escolas particulares são
diferentes. No volume número
9 para as escolas particulares,
adaptado à nova organização
do ensino fundamental em nove séries, não há o capítulo em
que o trecho do documento do
Instituto da Cidadania é citado.
A edição, de 2007, será colocada à venda ao setor privado para o ano letivo de 2008.
A mudança não poderia valer
para a rede pública, uma vez
que os livros do programa têm
que passar pela avaliação de
uma comissão de especialistas,
o que ocorre a cada três anos.
Na edição anterior para a rede particular, há, além da transcrição do documento do Fome
Zero, comparação do programa
com ideais da revolução russa.
A editora Moderna não comentou a suposta propaganda
no livro. O ministro da Educação, Fernando Haddad, também não falou sobre a publicação. "O MEC não deve interferir no processo sob pena de recairmos em censura", disse.
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