|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Unimed pode levar multa de R$ 6 mi por impor exclusividade
Unimed Nordeste RS é acusada pela Secretaria de Direito Econômico de exigir que médicos só trabalhem para ela
Para o órgão, trata-se de "um dos mais graves casos" no setor de cooperativas de serviços médicos; empresa nega as práticas apontadas
VALDO CRUZ
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A SDE (Secretaria de Direito
Econômico) recomendará a
condenação e a aplicação de
multa recorde de R$ 6 milhões
à cooperativa médica Unimed
Nordeste RS -sétima maior
Unimed do país e segunda
maior do Rio Grande do Sul-
por imposição de exclusividade
na prestação de serviços por
parte de seus profissionais.
O valor da multa sugerida é
mil vezes o já aplicado em infrações similares e mostra que
a SDE pretende endurecer o
combate a esse tipo de conduta.
A secretaria encerrou nesta
semana a investigação sobre
abuso de poder por parte da
Unimed gaúcha e concluiu que
se trata de "um dos mais graves
casos" no setor de cooperativas
de serviços médicos.
O relatório com as recomendações será enviado ao Cade
(Conselho Administrativo de
Defesa Econômica), que é o tribunal administrativo responsável pelo julgamento de práticas contra a livre concorrência.
A cooperativa nega as acusações.
Outros 25 casos envolvendo
cooperativas médicas estão em
fase de apuração na secretaria.
Mais 60 processos foram julgados, e as empresas, condenadas
pelo Cade. A Folha apurou que
outros 20 processos administrativos devem ser instaurados
até o final do ano para investigar irregularidades.
O elevado número de ocorrências e a gravidade da infração da Unimed gaúcha preocupam a SDE, que decidiu fazer
uma operação "pente-fino" no
mercado de saúde suplementar. A intenção é adotar mais rigor em relação às cooperativas
de serviços médicos.
Para a secretaria, as multas
aplicadas até agora (no valor de
cerca de R$ 6.000) ao setor de
cooperativas médicas eram
apenas um "tapinha na mão",
não gerando o efeito de coibir
as práticas anticoncorrenciais.
No caso da Unimed Nordeste
RS, as investigações se basearam em documentos apreendidos na sede da cooperativa e de
suas concorrentes. As provas
mostram que a operadora de
planos de saúde proibia seus
médicos cooperados de prestarem serviços a concorrentes.
Além disso, diz a SDE, a cooperativa impedia que hospitais
da região a ela conveniados
atendessem usuários de outros
planos de saúde em plantões
em que o atendimento fosse
feito por médicos da própria
Unimed. Isso obrigava os pacientes de outras operadoras a
fazer o pagamento particular
de consultas e atendimentos.
A Unimed Nordeste RS alcançou faturamento de R$ 273
milhões em 2007. A multa defendida pela SDE representa
menos de 3% dessa receita.
Texto Anterior: Na plateia Próximo Texto: Outro lado: Cooperativa nega que exija exclusividade Índice
|