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Planos de Kassab para ônibus têm só "verba simbólica"
No Orçamento de R$ 34,6 bilhões de 2011, prefeito reserva R$ 2.000 para terminais e R$ 1 mi a corredores
Maior parte da verba de investimentos vai para planos de monotrilhos; já a passagem de ônibus subiu acima da inflação
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
Embora a tarifa de ônibus
tenha subido acima da inflação este ano -o que deve se
repetir em 2011-, o usuário
do serviço na cidade de São
Paulo vê os investimentos da
prefeitura no serviço avançar
com um ímpeto bem menor.
No Orçamento para o próximo ano, o prefeito Gilberto
Kassab (DEM) colocou só valores simbólicos em algumas
ações de melhoria da rede.
Mesmo com a perspectiva
recorde de receita -R$ 34,6
bilhões, quase 20% a mais
que este ano-, a implantação e a requalificação de terminais de ônibus urbanos,
por exemplo, tiveram apenas
R$ 2.000 garantidos em 2011.
Mesmo valor foi dispensado no Orçamento pela prefeitura ao Rodoanel e ao Metrô.
Investir em corredores de
ônibus foi uma das principais promessas de Kassab na
eleição de 2008. Incluídos no
plano de metas da gestão -a
chamada Agenda 2012-, a
expectativa de construir 66
km de corredores virou pó.
Os três corredores prometidos pelo prefeito viraram
monotrilhos -trens que circulam sobre elevados-, o
que levou o secretário de Planejamento, Rubens Chammas, a rebatizar a ação.
"Se vai ser ônibus ou um
transporte leve operado pelo
metrô, é uma definição de
modelo. Eu chamaria de corredor de transporte coletivo."
Para novos corredores,
Kassab reservou R$ 1 milhão
no Orçamento, mas o monotrilho da M'Boi Mirim (zona
sul) ficou com R$ 30 milhões.
O corredor da avenida Celso
Garcia (leste), o maior entre
os prometidos, espera dinheiro federal para se viabilizar como monotrilho. "A tendência é que vire metrô."
Já o corredor da Cidade Tiradentes (leste) será um prolongamento, como monotrilho, da linha 2-verde do metrô. Para isso há R$ 20 milhões no Orçamento, mas R$
14 milhões virão da União.
Os maiores investimentos
em ônibus devem ser a criação de terminais rodoviários
(R$ 5,5 milhões) e abrigos de
paradas de ônibus (R$ 4 milhões). Neste ano, no entanto, o governo havia previsto
R$ 5 milhões para os terminais e não vai gastar nada.
SIMBÓLICOS
Segundo a SPTrans, algumas ações têm verba simbólica porque "podem estar em
fase de projeto ou estudos e
não necessitam de orçamento financeiro no momento".
Diz, ainda, que parte do
valor orçado este ano para o
setor deixou de ser investido
por conta da suspensão pelo
Tribunal de Contas do Município da licitação para o corredor da avenida Inajar de
Souza (zona norte). Afirmou,
ainda, que a licitação para requalificação do corredor Rebouças está sendo concluída.
MONOTRILHOS
Para José Alex Sant'Anna,
doutor em engenharia dos
transportes, não é boa política trocar corredores por monotrilhos. "Nos monotrilhos
cabem mais gente, mas a capacidade de transporte dos
corredores é maior. Você pode fazer uma fila de ônibus
no corredor e não pode fazer
isso com o monotrilho."
Ele afirma que pôr valores
simbólicos no Orçamento é
prática comum. "Cria-se uma
rubrica, coloca um valor simbólico e deixa para ver o que
acontece, quem vai ganhar a
eleição. Depois, se ajusta."
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