São Paulo, sexta, 3 de outubro de 1997.



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AVIAÇÃO
Cinco vítimas eram médicos que viajavam para buscar órgãos doados
Sete morrem em queda de avião em Santa Catarina

FÁBIO ZANINI
da Agência Folha, em Florianópolis

Uma falha humana é apontada como provável causa da queda de um avião anteontem em Chapecó (630 km a oeste de Florianópolis), que deixou sete mortos.
Ontem, peritos da Aeronáutica e da Polícia Civil analisaram os destroços da aeronave, que caiu du rante os procedimentos de pouso no aeroporto da cidade.
Entre as vítimas, estão cinco médicos do Rio Grande do Sul. Eles viajavam com o objetivo de retirar órgãos de um paciente internado com morte cerebral no Hospital Regional de Chapecó.
Os órgãos -córneas, rins, pulmões, fígado e coração- serão transplantados em pacientes gaúchos e deverão ser retirados por outros médicos nos próximos dias.
Os médicos mortos são Marcos Stedile, 28, André Augusto Barrionuevo, 29, Jean Kolmann, 31, Jack son Ávila, 27 e Cláudio Lança, 29. Também morreram os pilotos da aeronave, José Eduardo Dutra Reis, 43, e Paulo César Reimbrecht, 40.
Seis dos ocupantes do avião morreram no local. O único retirado com vida dos destroços foi o médico Cláudio Lança, que morreu a caminho do hospital.
O avião era um Xingu 121, prefixo PP-EHJ, fabricado pela Em braer e de propriedade do governo gaúcho.
A aeronave decolou por volta das 20h30 de Porto Alegre (RS). Os pilotos fizeram contato com o aero porto Serafim Bertazo, em Chapecó, às 21h36, informando que iriam iniciar procedimento de aterrissagem.
Em seguida, tentaram pousar, mas não conseguiram e tiveram de arremeter, ou seja, ganharam altitude novamente e reiniciaram a descida.
Às 21h40, ao tentar novamente o pouso, o avião se chocou com um grupo de árvores e caiu a um quilômetro da cabeceira da pista.
Chuva forte e vento
"No momento do acidente, chovia forte na região, ventava muito e a visibilidade estava bastante prejudicada. Isso pode ter atrapalha do o piloto", disse José Duarte, operador de rádio do aeroporto.
De acordo com o 5º Comando Aéreo Regional, com sede em Canoas (RS), as condições climáticas receberão "atenção especial" durante as investigações, que só se rão concluídas em 60 dias.
Caso se comprove que o mau tempo atrapalhou o pouso, ficará caracterizada falha humana, que pode ter sido dos pilotos ou do controle de terra.
O aeroporto não possui torre de controle e comporta apenas aviões pequenos e médios. Todo a comunicação é feita por meio de uma es tação de rádio. Outra hipótese é ter havido falha mecânica.
De acordo com Márcio Colatto, delegado-regional de Chapecó, não houve explosão.
"Os ocupantes morreram em decorrência de traumatismos no crânio e na região torácica", declarou Colatto, que preside o inquéri to civil.



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