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POLÊMICA
Na avaliação final dos médicos, tanto o parto como o aborto eram possíveis; família optou pela interrupção
Menina estuprada vai mesmo abortar
NOELLY RUSSO
da Reportagem Local
C.B.S., a menina de 10 anos de
Israelândia (GO) que engravidou
depois de ter sido estuprada durante três anos por dois vizinhos,
vai interromper sua gravidez.
A decisão foi tomada ontem pela
comissão de nove profissionais
que integra o Programa de Abortamento Legal do módulo 12 do
PAS (Programa de Atendimento à
Saúde), onde funciona o Hospital
Jabaquara.
"A família já foi informada da
decisão e optou pelo aborto. Essa
era uma gravidez indesejada, tanto pela família quanto pela menina. Ela tem direito legal de interromper essa gravidez", disse o ginecologista Jorge Andalaft Neto,
médico que integra a comissão.
C.B.S. continuará internada no
hospital, onde será dado início dos
procedimentos de preparação para a interrupção da gravidez. No
entanto, a data para a interrupção
não foi divulgada.
O ginecologista preferiu não informar que método será utilizado
para a realização do aborto.
O método mais comum é a aspiração (quando o feto é sugado do
útero). Mas como a gravidez de
C.B.S. já é de 18 semanas, a aspiração está descartada.
Outra possibilidade, a minicesariana, também está descartada
porque o hospital não realiza esse
tipo de intervenção cirúrgica.
"Há um procedimento ético do
médico que nos impede de dar esse tipo de informação sobre o tratamento do paciente", afirmou
Andalaft.
Segundo a comissão, a menor teria condições de levar a gravidez
até o fim.
A clínica-geral Maria Luiza Righetti, coordenadora do programa, disse que uma grávida de dez
anos sempre está exposta a riscos.
"A bacia de uma menina de dez
anos ainda não está definitivamente formada e, se a gravidez
prosseguisse, provavelmente o
parto seria por uma cesariana."
O ultra-som, realizado quarta-feira, confirmou a idade gestacional do feto em 18 semanas e o
sexo, masculino.
C.B.S. terá de fazer um jejum de
oito horas antes de a intervenção
ser realizada. Ontem, ela também
passou por exames odontológicos.
Seu teste de HIV deu negativo. O
mesmo resultado foi obtido para
exames para detectar anemia e hepatite. Essa bateria de exames é
realizada em todas as mulheres
grávidas. No caso de C.B.S., o teste
para detectar HIV e doenças sexualmente transmissíveis era mais
importante pelo fato de a menina
ter sido estuprada.
Segundo o protocolo da Organização Mundial da Saúde, a interrupção de uma gestação de até 20
semanas é considerada abortamento. O módulo 12 do PAS prefere realizar abortos com até 12 semanas, quando o risco para a paciente é menor. De acordo com
Andalaft, C.B.S. não corre riscos
específicos no procedimento.
"Quando se usa a anestesia, sempre há riscos. Mas o procedimento
que nós vamos usar com a menina
será o menos invasivo possível."
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