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SHOWMISSA
Público superou a previsão dos organizadores, e religioso encerrou a celebração 40 minutos antes
Padre reduz evento por medo de tumulto
Lalo de Almeida/Folha Imagem
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Mulher passa mal e é levada para ambulatório no local da missa |
da Reportagem Local
O padre Marcelo Rossi decidiu
encerrar o evento católico de ontem 40 minutos antes do previsto.
O motivo foi o temor de que ocorresse uma tragédia devido ao
grande número de pessoas que
continuava se dirigindo ao Santuário do Terço Bizantino.
"Pelas previsões, imaginava no
máximo a presença de 300 mil
pessoas. Quando ouvi da CET que
havia 450 mil pessoas, fiquei
apreensivo. Quando ouvi a última
informação, às 10h30, de que havia 600 mil pessoas, me desesperei
e resolvi acabar tudo mais cedo",
declarou o padre Marcelo Rossi
após a missa.
Inicialmente previsto para acabar ao meio-dia, o evento foi encerrado por volta das 11h20, após
a apresentação das duplas sertanejas Chitãozinho e Xororó e
Sandy e Júnior.
Desde o início do ato, por volta
das 8h, Marcelo Rossi era informado do tamanho do público pela Polícia Militar e pela CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego). Também era informado
do número de pessoas atendidas
pelo departamento médico e de
eventuais ocorrências policiais.
Com esses dados, ele controlava
a multidão e procurava evitar
confusões. Quando soube que o
público havia ultrapassado o previsto, padre Marcelo começou a
pedir que as pessoas não se dirigissem mais ao templo.
"Por favor, não venha mais para
cá. Tem muita gente e você não
vai conseguir chegar perto. Veja
pela TV, também é ao vivo", advertiu padre Marcelo por volta
das 10h30.
Ele considera que o bom tempo
foi um dos fatores que contribuíram para a superlotação. "Você já
viu um dia de Finados com tanto
sol. Nessa época, normalmente
chove, mas hoje (ontem) o dia está lindo", comemorou.
Após o evento, padre Marcelo
Rossi admitiu que chegou a ficar
com medo, pois não esperava a
presença de tanta gente. Temia
que perdesse o controle da massa.
"Se não fosse um evento religioso, eu não arriscaria. Aqui há diálogo, há respeito, a chance de
ocorrerem brigas e tumultos é
menor do que em outros eventos
que reúnem muita gente", afirmou o padre. "Mesmo assim, da
próxima vez vou utilizar um local
com uma estrutura melhor. Valeu
a experiência."
O temor do padre Marcelo tinha
razão. As pessoas estavam espremidas nas quatro ruas que formavam a cruz. Muitas vezes, houve
empurra-empurra provocado
por pessoas que tentavam sem sucesso se aproximar do palco.
A Polícia Militar e a Guarda Municipal reduziram a área livre ao
redor do palco, por volta das 11h,
após um princípio de tumulto.
Muita gente preferiu ir embora
antes mesmo de a missa começar
e assistir o evento pela TV. Foi o
caso da dona-de-casa Iraci Cardoso, 56, que pegou trem de madrugada em Carapicuíba (Grande
São Paulo) só para ver a missa e
desistiu assim que chegou ao santuário. ""Não tem condição de ouvir nada ou de ficar no meio do
tumulto", afirmou.
Pop star
Mas, para evitar que a confusão
se espalhasse, padre Marcelo conduziu a massa como um pop star.
Pediu cuidado a um grupo de
adolescentes que escalou árvores
e prédios para ver melhor o show.
Em seguida, parou uma sequência de músicas para liberar a cabine de som que estava sendo ocupada pelo público.
Ao cantar o refrão ""erguei as
mãos e dai glória a Deus", gritou
""sem pulinho, não precisa pular",
contrariando sua característica de
movimentar a platéia. A intenção
era evitar novos tumultos.
Quando a situação parecia incontrolável e a polícia recuava para perto do palco, o padre puxou
uma oração em coro para acalmar os ânimos.
Sem poder coordenar a coreografia, por causa da falta de espaço, o padre improvisou uma competição de torcida. Perguntava o
que o público estava fazendo ali e
esperava a resposta ""Eu vim louvar o Senhor", refrão de uma de
suas músicas. Competiam as pessoas que estavam nas quatro partes da cruz.
(ALESSANDRO SILVA e OTÁVIO CABRAL)
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