São Paulo, domingo, 03 de novembro de 2002

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Família ocupa área na zona leste há 32 anos

DO "AGORA"

Em 1970, José Fróes chegou com a família à zona leste de São Paulo para trabalhar na olaria do amigo João Trimiano. Fróes morreu em 1988, aos 71 anos, mas seus sete filhos continuaram por lá.
O oleiro não poderia imaginar, porém, que 14 anos depois seus "herdeiros" estariam vivendo na área de um piscinão.
O terreno, que era do proprietário da olaria, passou em 1985 para um novo dono, que os irmãos conhecem por Peres. A olaria fechou e todos ficaram desempregados. Quase 15 anos depois, a área seria desapropriada para a construção do piscinão Aricanduva 1, inaugurado em 2000.
Os irmãos ficaram, então, cercados. Parte de suas casas está dentro do terreno de Peres. A outra, na área do piscinão. A pequena aldeia da família Fróes atravessa os portões. "Vivemos dentro de um piscinão", diz Nilzete Fróes, 45, uma das filhas de José.
Ela conta que a construção do reservatório "acabou com a paz" em sua vida e na dos irmãos. "O proprietário não nos deixa construir as casas fora do piscinão. E sempre tem alguém da prefeitura dizendo que nós temos de sair."

Risco
A Subprefeitura de São Mateus, responsável pela área onde estão o piscinão e a aldeia da família, diz que ainda não sabe se os Fróes vivem em área de risco. De acordo com o chefe de gabinete da subprefeitura, Hécio Peres Filho, dois técnicos estão fazendo estudos sobre áreas de risco na área, "mas o trabalho não foi concluído".
Peres Filho diz ainda que o local onde vivem as famílias não foi desapropriado, apesar de estar dentro do piscinão -é "remanescente da desapropriação". Ou seja, não interessa à prefeitura, pois não afeta o funcionamento do reservatório, nem ao proprietário.


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