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CONEXÃO INTERNACIONAL
PF diz que grupo tem ligações com a máfia italiana e movimentou R$ 10 mi com imóveis no Brasil
Italianos são acusados de traficar mulheres
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal prendeu ontem em Natal (RN) 15 pessoas
acusadas de pertencer a uma quadrilha de tráfico internacional e
exploração sexual de mulheres e
lavagem de dinheiro. Seis são italianos e teriam ligações com narcotraficantes colombianos e com
as organizações mafiosas Sacra
Corona Unita, Camorra e Ndrangheta, da Itália.
Foram cumpridos 14 ordens de
prisão preventiva -outra pessoa
foi presa em flagrante- e 15
mandados de busca e apreensão
expedidos pela Justiça Federal.
Segundo a PF, a quadrilha atua
em Natal desde o final de 2004 e é
dona de duas boates, bar e pousada em Ponta Negra, bairro de
maior agitação turística da cidade, e de uma loja de roupas em
um shopping recém-inaugurado.
O grupo negociava a compra de
uma casa noturna em São Paulo.
Conforme dados colhidos pela
PF com a Interpol e com adidos
policiais da Itália e da Espanha, os
estrangeiros têm uma extensa ficha de crimes no exterior, como
contrabando, homicídio e produção e tráfico de drogas.
Em uma de suas entradas no
Brasil, membros do grupo foram
detidos com 70 mil em malas.
O líder da quadrilha, segundo a
PF, é o italiano Giuseppe Amirabille, chefe de uma organização
criminosa da região de Bari, na
Itália. Rico, ele tem uma grande ficha criminal -que inclui tráfico
de drogas, armas e pessoas.
A investigação começou em janeiro, segundo o delegado Cleiton
Teixeira, depois que a PF foi procurada por uma mulher que havia
sido aliciada para se prostituir em
Sevilha, na Espanha.
Ao ser avisada, ainda em Natal,
de que iria ficar presa na Espanha
até pagar dívidas contraídas com
a quadrilha, ela fugiu.
Sob o comando dos estrangeiros, os brasileiros tinham papéis
variados na organização: emprestavam seus nomes para atos ilícitos (como ocultar patrimônio),
administravam os negócios ilegais do grupo e aliciavam mulheres para o tráfico e exploração sexual no Brasil e no exterior.
Estima-se que, somente com a
compra de imóveis, a quadrilha
tenha movimentado até R$ 10 milhões desde o fim de 2004.
Não há informações sobre o número de brasileiras exportadas
para a exploração sexual, mas, somente em uma das operações, 15
mulheres foram levadas, provavelmente para a Europa.
Outro lado
O advogado Durvaldo Varandas, que representa 9 dos 15 presos, incluindo Amirabille, disse
que o grupo nega as acusações.
Ele afirmou ainda que a boate
Ilha da Fantasia, a maior do grupo, não é uma casa de prostituição, como apurou a polícia.
"É uma boate com shows folclóricos, de comédia e de striptease",
disse o advogado.
Varandas afirmou que tentará
consultar hoje o inquérito da PF
para checar a participação de seus
clientes nas acusações e avaliar
quais medidas tomará.
Segundo o advogado, as prisões
podem ter sido "um equívoco" da
PF e da Justiça.
(THIAGO GUIMARÃES e ANDRÉA MICHAEL)
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