São Paulo, quinta-feira, 03 de novembro de 2005

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CONEXÃO INTERNACIONAL

PF diz que grupo tem ligações com a máfia italiana e movimentou R$ 10 mi com imóveis no Brasil

Italianos são acusados de traficar mulheres

DA AGÊNCIA FOLHA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal prendeu ontem em Natal (RN) 15 pessoas acusadas de pertencer a uma quadrilha de tráfico internacional e exploração sexual de mulheres e lavagem de dinheiro. Seis são italianos e teriam ligações com narcotraficantes colombianos e com as organizações mafiosas Sacra Corona Unita, Camorra e Ndrangheta, da Itália.
Foram cumpridos 14 ordens de prisão preventiva -outra pessoa foi presa em flagrante- e 15 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal.
Segundo a PF, a quadrilha atua em Natal desde o final de 2004 e é dona de duas boates, bar e pousada em Ponta Negra, bairro de maior agitação turística da cidade, e de uma loja de roupas em um shopping recém-inaugurado. O grupo negociava a compra de uma casa noturna em São Paulo.
Conforme dados colhidos pela PF com a Interpol e com adidos policiais da Itália e da Espanha, os estrangeiros têm uma extensa ficha de crimes no exterior, como contrabando, homicídio e produção e tráfico de drogas.
Em uma de suas entradas no Brasil, membros do grupo foram detidos com 70 mil em malas.
O líder da quadrilha, segundo a PF, é o italiano Giuseppe Amirabille, chefe de uma organização criminosa da região de Bari, na Itália. Rico, ele tem uma grande ficha criminal -que inclui tráfico de drogas, armas e pessoas.
A investigação começou em janeiro, segundo o delegado Cleiton Teixeira, depois que a PF foi procurada por uma mulher que havia sido aliciada para se prostituir em Sevilha, na Espanha.
Ao ser avisada, ainda em Natal, de que iria ficar presa na Espanha até pagar dívidas contraídas com a quadrilha, ela fugiu.
Sob o comando dos estrangeiros, os brasileiros tinham papéis variados na organização: emprestavam seus nomes para atos ilícitos (como ocultar patrimônio), administravam os negócios ilegais do grupo e aliciavam mulheres para o tráfico e exploração sexual no Brasil e no exterior.
Estima-se que, somente com a compra de imóveis, a quadrilha tenha movimentado até R$ 10 milhões desde o fim de 2004.
Não há informações sobre o número de brasileiras exportadas para a exploração sexual, mas, somente em uma das operações, 15 mulheres foram levadas, provavelmente para a Europa.

Outro lado
O advogado Durvaldo Varandas, que representa 9 dos 15 presos, incluindo Amirabille, disse que o grupo nega as acusações.
Ele afirmou ainda que a boate Ilha da Fantasia, a maior do grupo, não é uma casa de prostituição, como apurou a polícia.
"É uma boate com shows folclóricos, de comédia e de striptease", disse o advogado.
Varandas afirmou que tentará consultar hoje o inquérito da PF para checar a participação de seus clientes nas acusações e avaliar quais medidas tomará.
Segundo o advogado, as prisões podem ter sido "um equívoco" da PF e da Justiça. (THIAGO GUIMARÃES e ANDRÉA MICHAEL)


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