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Irritados, passageiros tentam invadir aeronave
As cenas de revoltas nos aeroportos incluíram agressões a funcionários de aéreas
A polícia teve que ser acionada para conter os tumultos; em São Paulo,
um vôo chegou 20 horas
após o horário previsto
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
As longas esperas para embarcar, que em alguns casos
chegaram a 20 horas, minaram
ontem a paciência dos passageiros. As cenas de revolta tomaram conta de aeroportos em
todo o país. Houve desde discussões com funcionários a
tentativas de invasão de aeronaves e de check-ins.
Um desses conflitos ocorreu
por volta das 16h30 de ontem,
no aeroporto de Confins (região metropolitana de Belo
Horizonte). Cerca de 35 passageiros da Gol que esperavam
embarque para Salvador tentaram invadir o avião.
Eles deixaram a sala de embarque e, no corredor, alcançaram a entrada do finger (tubo
que dá acesso ao avião), informou a Polícia Federal no aeroporto. Irritados, afirmaram que
não deixariam o local até que a
Gol garantisse o embarque.
Agentes da PF contornaram
a situação. Os passageiros voltaram para a sala de embarque
e embarcaram logo depois.
Brasília também teve uma
tentativa de invasão de aeronave durante a madrugada, além
de discussões entre passageiros e funcionários de empresas.
Ontem, a Infraero contabilizou 25 partidas em atraso da
capital e oito cancelamentos de
vôos. Mas controladores ouvidos pela reportagem falavam
em até 60 atrasos.
Em Porto Alegre (RS), a Brigada Militar teve que ser chamada de madrugada para conter o tumulto entre passageiros
e funcionários de aéreas no aeroporto Salgado Filho.
Nervosos, passageiros gritavam "avião, avião". Das 6h às
16h de ontem, houve seis cancelamentos e 38 atrasos.
O caso mais tenso envolveu
um vôo da Gol para Montevidéu (Uruguai). Com partida
prevista para as 23h55 de anteontem, foi remarcado para o
mesmo horário ontem. Às 6h,
passageiros impediram que outras pessoas passassem pelo
check-in da companhia.
No Rio, o policiamento no
Aeroporto Internacional do
Galeão (zona norte do Rio) foi
reforçado depois que um grupo
de passageiros destruiu parcialmente o balcão da Gol. Eles
protestavam contra o atraso de
um vôo para Recife. Funcionários da empresa disseram que
foram agredidos.
Nem mesmo o presidente da
Infraero (estatal que administra os aeroportos), brigadeiro
José Carlos Pereira, escapou
dos atrasos. Ele teve de aguardar três horas para embarcar
do Rio para Brasília, num vôo
da TAM que deveria sair às
9h45, mas só decolou às 12h40.
Em São Paulo, dois passageiros chegaram a ser detidos
pela Polícia Federal no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo) após
discussão com funcionários de
empresas. Ele foram liberados
em seguida.
Nesse aeroporto foram registrados, até as 19h30, cem vôos
com atraso médio de três horas, segundo a Infraero. Um
vôo da Gol proveniente de Aracaju (SE), no entanto, chegou
mais de 20 horas depois do horário previsto. O policiamento
foi reforçado para evitar conflitos entre passageiros e atendentes das empresas.
A Infraero não informou o
total de atrasos no aeroporto
de Congonhas, em São Paulo. O
escritório local estava fechado.
Alguns passageiros, dispostos a desistir de seguir viagem,
reclamavam das dificuldades
para pegar a bagagem de volta
após o check-in. Segundo a Infraero, as empresas tem de devolvê-las em caso de desistência -o que pode ocorrer em situações excepcionais, como o
caos recente nos aeroportos.
Em Salvador (BA), onde
mais de 2.000 pessoas deixaram de viajar devido a 21 vôos
cancelados, passageiros tentaram invadir áreas de check-in e
de bagagem do aeroporto Luís
Eduardo Magalhães. Ameaçaram até entrar na pista de decolagem. A Polícia Militar reforçou a segurança.
Durante a madrugada, passageiros xingaram funcionários
de aéreas e atiraram objetos
em escadas-rolantes.
Por todo o país, a cena mais
comum era a de pessoas dormindo pelo chão e em cadeiras.
Entre os que dormiram no
saguão do aeroporto de Confins (região metropolitana de
Belo Horizonte) estava um
grupo com 66 turistas da Áustria, Rússia, Polônia e Croácia
que seguia para o Nordeste.
Por volta das 9h30, a TAM
tentou colocar esses passageiros em um hotel, mas eles queriam embarcar e questionavam
o porquê de vôos para Rio e São
Paulo estarem saindo.
Depois de protestar no
check-in, o grupo foi para o
portão da sala de embarque
tentar impedir a entrada de
passageiros com destino a capitais do Sudeste e Brasília. A PM
apareceu e acalmou os ânimos.
Nas quatro lanchonetes do
saguão do aeroporto não havia
mais água mineral para vender
desde a manhã.
Em meio ao caos, um grupo
de passageiros que desembarcou em Cumbica, em São Paulo, ontem à tarde, destoava do
clima de revolta. O vôo, proveniente de Lima, no Peru, chegou trinta minutos antes do
horário previsto.
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