São Paulo, sexta-feira, 03 de novembro de 2006

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Irritados, passageiros tentam invadir aeronave

As cenas de revoltas nos aeroportos incluíram agressões a funcionários de aéreas

A polícia teve que ser acionada para conter os tumultos; em São Paulo, um vôo chegou 20 horas após o horário previsto


DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

As longas esperas para embarcar, que em alguns casos chegaram a 20 horas, minaram ontem a paciência dos passageiros. As cenas de revolta tomaram conta de aeroportos em todo o país. Houve desde discussões com funcionários a tentativas de invasão de aeronaves e de check-ins.
Um desses conflitos ocorreu por volta das 16h30 de ontem, no aeroporto de Confins (região metropolitana de Belo Horizonte). Cerca de 35 passageiros da Gol que esperavam embarque para Salvador tentaram invadir o avião.
Eles deixaram a sala de embarque e, no corredor, alcançaram a entrada do finger (tubo que dá acesso ao avião), informou a Polícia Federal no aeroporto. Irritados, afirmaram que não deixariam o local até que a Gol garantisse o embarque.
Agentes da PF contornaram a situação. Os passageiros voltaram para a sala de embarque e embarcaram logo depois.
Brasília também teve uma tentativa de invasão de aeronave durante a madrugada, além de discussões entre passageiros e funcionários de empresas.
Ontem, a Infraero contabilizou 25 partidas em atraso da capital e oito cancelamentos de vôos. Mas controladores ouvidos pela reportagem falavam em até 60 atrasos.
Em Porto Alegre (RS), a Brigada Militar teve que ser chamada de madrugada para conter o tumulto entre passageiros e funcionários de aéreas no aeroporto Salgado Filho.
Nervosos, passageiros gritavam "avião, avião". Das 6h às 16h de ontem, houve seis cancelamentos e 38 atrasos.
O caso mais tenso envolveu um vôo da Gol para Montevidéu (Uruguai). Com partida prevista para as 23h55 de anteontem, foi remarcado para o mesmo horário ontem. Às 6h, passageiros impediram que outras pessoas passassem pelo check-in da companhia.
No Rio, o policiamento no Aeroporto Internacional do Galeão (zona norte do Rio) foi reforçado depois que um grupo de passageiros destruiu parcialmente o balcão da Gol. Eles protestavam contra o atraso de um vôo para Recife. Funcionários da empresa disseram que foram agredidos.
Nem mesmo o presidente da Infraero (estatal que administra os aeroportos), brigadeiro José Carlos Pereira, escapou dos atrasos. Ele teve de aguardar três horas para embarcar do Rio para Brasília, num vôo da TAM que deveria sair às 9h45, mas só decolou às 12h40.
Em São Paulo, dois passageiros chegaram a ser detidos pela Polícia Federal no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo) após discussão com funcionários de empresas. Ele foram liberados em seguida.
Nesse aeroporto foram registrados, até as 19h30, cem vôos com atraso médio de três horas, segundo a Infraero. Um vôo da Gol proveniente de Aracaju (SE), no entanto, chegou mais de 20 horas depois do horário previsto. O policiamento foi reforçado para evitar conflitos entre passageiros e atendentes das empresas.
A Infraero não informou o total de atrasos no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O escritório local estava fechado.
Alguns passageiros, dispostos a desistir de seguir viagem, reclamavam das dificuldades para pegar a bagagem de volta após o check-in. Segundo a Infraero, as empresas tem de devolvê-las em caso de desistência -o que pode ocorrer em situações excepcionais, como o caos recente nos aeroportos.
Em Salvador (BA), onde mais de 2.000 pessoas deixaram de viajar devido a 21 vôos cancelados, passageiros tentaram invadir áreas de check-in e de bagagem do aeroporto Luís Eduardo Magalhães. Ameaçaram até entrar na pista de decolagem. A Polícia Militar reforçou a segurança.
Durante a madrugada, passageiros xingaram funcionários de aéreas e atiraram objetos em escadas-rolantes.
Por todo o país, a cena mais comum era a de pessoas dormindo pelo chão e em cadeiras.
Entre os que dormiram no saguão do aeroporto de Confins (região metropolitana de Belo Horizonte) estava um grupo com 66 turistas da Áustria, Rússia, Polônia e Croácia que seguia para o Nordeste.
Por volta das 9h30, a TAM tentou colocar esses passageiros em um hotel, mas eles queriam embarcar e questionavam o porquê de vôos para Rio e São Paulo estarem saindo.
Depois de protestar no check-in, o grupo foi para o portão da sala de embarque tentar impedir a entrada de passageiros com destino a capitais do Sudeste e Brasília. A PM apareceu e acalmou os ânimos.
Nas quatro lanchonetes do saguão do aeroporto não havia mais água mineral para vender desde a manhã.
Em meio ao caos, um grupo de passageiros que desembarcou em Cumbica, em São Paulo, ontem à tarde, destoava do clima de revolta. O vôo, proveniente de Lima, no Peru, chegou trinta minutos antes do horário previsto.


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