|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
No Rio, balcão é destruído durante tumulto
PEDRO SOARES
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Revoltados com o atraso de
um vôo para Recife, passageiros da Gol armaram uma confusão no saguão do Aeroporto
Internacional do Galeão (Ilha
do Governador, zona norte do
Rio) na madrugada de ontem:
funcionários da empresa disseram que foram agredidos e a
parte superior de um balcão da
companhia ficou danificada.
Ninguém da Gol prestou
queixa na delegacia do aeroporto. A PM, porém, teve de conter
os passageiros e o policiamento
no aeroporto foi reforçado.
Ontem, o cenário era o mesmo daquele desde que começou
a operação-padrão dos controladores de vôo: filas intermináveis, reclamações e muita espera dos passageiros. Nem o presidente da Infraero (estatal que
administra os aeroportos), José Carlos Pereira, escapou. Esperou três horas para embarcar
para Brasília, num vôo da TAM,
que deveria sair às 9h45, mas só
decolou às 12h40.
As maiores filas eram nos
guichês da Gol. Sem contar os
que já estavam na sala de embarque, mais de 400 pessoas
aguardavam os vôos -havia, ao
menos, 11 atrasados até o meio
da tarde de ontem.
Era o caso de Hugo, zagueiro
do Santa Cruz (PE), no Rio desde anteontem. Sua saída estava
prevista para as 8h50, mas a
Gol informou que só embarcaria às 20h40. "O treino de hoje
[ontem] eu e o goleiro do time
já perdemos. Nem sei quando
vou poder embarcar", disse.
Fernando Peregrino, chefe-de-gabinete da governadora do
Rio, Rosinha Matheus, aguardava o mesmo vôo e culpou os
órgãos federais pelo problema.
"Cheguei às 7h, não me deram
cartão de embarque e sumiram
com meu vôo. Não admitem tê-lo cancelado para não terem
que endossar o bilhete. É imprevidência da Infraero e da
Anac, tão rigorosa com a nova
Varig, que não tem recursos
nem gente extra para o caso de
crise", reclamou.
Outros passageiros perderam seus assentos porque a
companhia acomodou os clientes que criaram o tumulto da
madrugada. Os funcionários da
empresa disseram que não poderiam falar sobre o assunto.
"Eles [funcionários da Gol]
mentiram para a gente. Disseram que o vôo estava atrasado,
mas, na verdade, o que fizeram
foi colocar o pessoal do vôo de
ontem que quebrou tudo no
nosso vôo", disse a passageira
Marta Colares.
Às 12h20 de ontem, a funcionária do Ministério da Saúde
Marina Mendes, 42, completava quase 19h de trânsito (desde
a tarde de quarta-feira, em Vitória), ainda sem saber ao certo
a que horas embarcaria para casa, em Recife. Provavelmente
tomaria o vôo das 20h30. "Só
me dizem: espere, aguarde e
"não tem previsão'", afirmou.
Naíra Ferreira, 50, tentava
organizar o caos: distribuía aos
passageiros do vôo fichas de reclamação da Infraero, que servem também para atestar que
os passageiros chegaram a tempo para o embarque, mas o vôo
estava atrasado.
Vítima de um acidente de
carro e usando muletas, o professor do Cefet Luiz Alberto
Pupe, 54, apoiava-se sobre a
mala às 12h45 de ontem. Sua
prima Suely lhe "roubara" a cadeira de rodas para dar colo ao
neto Bernardo, de 9 meses. A
família de 20 pessoas esperava
desde as 7h o vôo com destino a
Brasília, onde haveria o casamento de uma sobrinha. "Gosto muito de programa de índio", disse ele, bem-humorado.
Texto Anterior: Passageiros Próximo Texto: Em Cumbica, avião chega com 21 horas de atraso Índice
|