São Paulo, sexta-feira, 03 de novembro de 2006

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No Rio, balcão é destruído durante tumulto

PEDRO SOARES
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Revoltados com o atraso de um vôo para Recife, passageiros da Gol armaram uma confusão no saguão do Aeroporto Internacional do Galeão (Ilha do Governador, zona norte do Rio) na madrugada de ontem: funcionários da empresa disseram que foram agredidos e a parte superior de um balcão da companhia ficou danificada.
Ninguém da Gol prestou queixa na delegacia do aeroporto. A PM, porém, teve de conter os passageiros e o policiamento no aeroporto foi reforçado.
Ontem, o cenário era o mesmo daquele desde que começou a operação-padrão dos controladores de vôo: filas intermináveis, reclamações e muita espera dos passageiros. Nem o presidente da Infraero (estatal que administra os aeroportos), José Carlos Pereira, escapou. Esperou três horas para embarcar para Brasília, num vôo da TAM, que deveria sair às 9h45, mas só decolou às 12h40.
As maiores filas eram nos guichês da Gol. Sem contar os que já estavam na sala de embarque, mais de 400 pessoas aguardavam os vôos -havia, ao menos, 11 atrasados até o meio da tarde de ontem.
Era o caso de Hugo, zagueiro do Santa Cruz (PE), no Rio desde anteontem. Sua saída estava prevista para as 8h50, mas a Gol informou que só embarcaria às 20h40. "O treino de hoje [ontem] eu e o goleiro do time já perdemos. Nem sei quando vou poder embarcar", disse.
Fernando Peregrino, chefe-de-gabinete da governadora do Rio, Rosinha Matheus, aguardava o mesmo vôo e culpou os órgãos federais pelo problema. "Cheguei às 7h, não me deram cartão de embarque e sumiram com meu vôo. Não admitem tê-lo cancelado para não terem que endossar o bilhete. É imprevidência da Infraero e da Anac, tão rigorosa com a nova Varig, que não tem recursos nem gente extra para o caso de crise", reclamou.
Outros passageiros perderam seus assentos porque a companhia acomodou os clientes que criaram o tumulto da madrugada. Os funcionários da empresa disseram que não poderiam falar sobre o assunto.
"Eles [funcionários da Gol] mentiram para a gente. Disseram que o vôo estava atrasado, mas, na verdade, o que fizeram foi colocar o pessoal do vôo de ontem que quebrou tudo no nosso vôo", disse a passageira Marta Colares.
Às 12h20 de ontem, a funcionária do Ministério da Saúde Marina Mendes, 42, completava quase 19h de trânsito (desde a tarde de quarta-feira, em Vitória), ainda sem saber ao certo a que horas embarcaria para casa, em Recife. Provavelmente tomaria o vôo das 20h30. "Só me dizem: espere, aguarde e "não tem previsão'", afirmou.
Naíra Ferreira, 50, tentava organizar o caos: distribuía aos passageiros do vôo fichas de reclamação da Infraero, que servem também para atestar que os passageiros chegaram a tempo para o embarque, mas o vôo estava atrasado.
Vítima de um acidente de carro e usando muletas, o professor do Cefet Luiz Alberto Pupe, 54, apoiava-se sobre a mala às 12h45 de ontem. Sua prima Suely lhe "roubara" a cadeira de rodas para dar colo ao neto Bernardo, de 9 meses. A família de 20 pessoas esperava desde as 7h o vôo com destino a Brasília, onde haveria o casamento de uma sobrinha. "Gosto muito de programa de índio", disse ele, bem-humorado.


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