São Paulo, sábado, 03 de novembro de 2007

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Venda de leite UHT de 4 fábricas é proibida

Governo diz que leite longa vida de unidades da Casmil, da Avipal, da Copervale e da Parmalat estão fora dos padrões

Exames do Ministério da Agricultura apontaram alto teor de acidez e alcalinidade; proibição vale até que novos laudos sejam feitos

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO

O Ministério da Agricultura proibiu quatro fábricas de comercializarem leite longa vida (UHT) após constatar que os produtos descumpriam as conformidades técnicas -tinham alto teor de acidez e de alcalinidade. A pasta não informou quais níveis foram descumpridos por cada marca. As empresas podem até produzir o leite, mas ele não pode ser vendido.
A proibição atingiu as unidades da Parmalat em Carazinho (RS), da Casmil (Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro), em Passos (MG), da Copervale (Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande), em Uberaba (MG), e da Avipal, em Itumbiara (GO).
A circular proibindo a comercialização foi enviada às empresas na sexta-feira da semana passada. Anteontem, porém, o ministério mandou outro comunicado para reforçar o anterior e especificar que o que estava sendo vetado era apenas o leite longa vida (de caixinha). Ou seja, as empresas poderão continuar vendendo leite pasteurizado (embalado em saquinho) e derivados.
O veto incluía ainda uma quinta fábrica, em Santa Helena de Goiás (GO), da Parmalat.
Ontem à noite, a empresa, que tem cinco unidades no país segundo sua assessoria, divulgou nota em que informava que a produção em Goiás foi liberada. A nota inclui laudo do Ministério da Agricultura assinado pelo coordenador geral de inspeção da pasta, Marcius Ribeiro de Freitas.
Procurado pela Folha, Freitas confirmou que a venda da produção da unidade de Santa Helena foi liberada ontem.

Investigação
As fábricas foram alvo de investigação do Ministério Público e da Polícia Federal após a operação Ouro Branco, da PF, descobrir a adição de substâncias como água oxigenada e soda cáustica no leite produzido por duas cooperativas de Minas que lhes forneciam o produto cru -foram presas 28 pessoas em Uberaba e Passos, mas nenhuma delas segue na cadeia.
Os órgãos do governo afirmam que a adulteração, feita para aumentar o volume do produto, reduz a quantidade de nutrientes, mas não traz graves riscos à saúde.
"Mortes nós não teremos", afirmou Maria Cecília Brito, diretora da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na sexta-feira da semana passada, após alertar o consumidor para ficar atento a mudanças de cor e cheiro.

Novos laudos
Segundo o ministério, as empresas estão liberadas para produzir e estocar leite, mas não poderão vender o produto aos supermercados e outros pontos-de-venda até que a pasta conclua laudos técnicos em curso, o que ainda não tem prazo para ocorrer.
"Se estiver fora do padrão, não quer dizer que não é saudável. Pode não trazer o mesmo benefício. Mas tem que recolher, porque não poderia ir para o mercado. Isso, no entanto, não quer dizer que o leite esteja fraudado", disse Jorge Rubez, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite.
O comunicado enviado às empresas anteontem diz que "fica suspensa a comercialização do leite UHT" , mas explica que "a suspensão não interfere nos procedimentos de fabricação da empresa nem nos produtos encontrados no mercado varejista". A ressalva foi feita porque a atribuição de fiscalizar o leite depois que ele está pronto para ser vendido ao consumidor -na prateleira do supermercado- é da Anvisa.
Na semana passada, a agência já havia determinado a interdição cautelar de nove lotes de leite produzidos pelas cooperativas mineiras, das marcas Calu, Parmalat e Centenário.
Isso significa que os supermercados tiveram que retirá-los de suas prateleiras. O consumidor que tivesse algum dos produtos em casa foi orientado a não utilizá-lo. Um laudo da agência deve ficar pronto na semana que vem.


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