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Venda de leite UHT de 4 fábricas é proibida
Governo diz que leite longa vida de unidades da Casmil, da Avipal, da Copervale e da Parmalat estão fora dos padrões
Exames do Ministério da Agricultura apontaram alto teor de acidez e alcalinidade; proibição vale até que novos laudos sejam feitos
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
O Ministério da Agricultura
proibiu quatro fábricas de comercializarem leite longa vida
(UHT) após constatar que os
produtos descumpriam as conformidades técnicas -tinham
alto teor de acidez e de alcalinidade. A pasta não informou
quais níveis foram descumpridos por cada marca. As empresas podem até produzir o leite,
mas ele não pode ser vendido.
A proibição atingiu as unidades da Parmalat em Carazinho
(RS), da Casmil (Cooperativa
Agropecuária do Sudoeste Mineiro), em Passos (MG), da Copervale (Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande), em Uberaba (MG), e
da Avipal, em Itumbiara (GO).
A circular proibindo a comercialização foi enviada às
empresas na sexta-feira da semana passada. Anteontem, porém, o ministério mandou outro comunicado para reforçar o anterior e especificar que o que
estava sendo vetado era apenas
o leite longa vida (de caixinha).
Ou seja, as empresas poderão
continuar vendendo leite pasteurizado (embalado em saquinho) e derivados.
O veto incluía ainda uma
quinta fábrica, em Santa Helena de Goiás (GO), da Parmalat.
Ontem à noite, a empresa,
que tem cinco unidades no país
segundo sua assessoria, divulgou nota em que informava que
a produção em Goiás foi liberada. A nota inclui laudo do Ministério da Agricultura assinado pelo coordenador geral de
inspeção da pasta, Marcius Ribeiro de Freitas.
Procurado pela Folha, Freitas confirmou que a venda da
produção da unidade de Santa
Helena foi liberada ontem.
Investigação
As fábricas foram alvo de investigação do Ministério Público e da Polícia Federal após a
operação Ouro Branco, da PF,
descobrir a adição de substâncias como água oxigenada e soda cáustica no leite produzido
por duas cooperativas de Minas
que lhes forneciam o produto
cru -foram presas 28 pessoas
em Uberaba e Passos, mas nenhuma delas segue na cadeia.
Os órgãos do governo afirmam que a adulteração, feita
para aumentar o volume do
produto, reduz a quantidade de
nutrientes, mas não traz graves
riscos à saúde.
"Mortes nós não teremos",
afirmou Maria Cecília Brito, diretora da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
na sexta-feira da semana passada, após alertar o consumidor
para ficar atento a mudanças de
cor e cheiro.
Novos laudos
Segundo o ministério, as empresas estão liberadas para produzir e estocar leite, mas não
poderão vender o produto aos
supermercados e outros pontos-de-venda até que a pasta
conclua laudos técnicos em
curso, o que ainda não tem prazo para ocorrer.
"Se estiver fora do padrão,
não quer dizer que não é saudável. Pode não trazer o mesmo
benefício. Mas tem que recolher, porque não poderia ir para
o mercado. Isso, no entanto,
não quer dizer que o leite esteja
fraudado", disse Jorge Rubez,
presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite.
O comunicado enviado às
empresas anteontem diz que
"fica suspensa a comercialização do leite UHT" , mas explica
que "a suspensão não interfere
nos procedimentos de fabricação da empresa nem nos produtos encontrados no mercado
varejista". A ressalva foi feita
porque a atribuição de fiscalizar o leite depois que ele está
pronto para ser vendido ao
consumidor -na prateleira do
supermercado- é da Anvisa.
Na semana passada, a agência já havia determinado a interdição cautelar de nove lotes
de leite produzidos pelas cooperativas mineiras, das marcas
Calu, Parmalat e Centenário.
Isso significa que os supermercados tiveram que retirá-los de suas prateleiras. O consumidor que tivesse algum dos produtos em casa foi orientado
a não utilizá-lo. Um laudo da
agência deve ficar pronto na semana que vem.
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