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Área antes destinada a parque agora terá 14 prédios e shopping
Terreno em Pirituba abriga casarão de 1920; local foi declarado de utilidade pública em março, mas prefeitura revogou decreto
População concordou com construção, diz prefeitura; dos 180 mil metros quadrados de área, só 7.800 restaram para o parque
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um terreno equivalente a um
parque e meio da Aclimação
(180 mil metros quadrados) em
Pirituba (zona norte), que até
agosto deste ano a Prefeitura de
São Paulo pretendia transformar em um parque público, terá um complexo residencial
com 14 prédios e um shopping
center. Para o parque, sobraram apenas 7.800 metros quadrados - 4% do total.
A área verde, que abriga um
casarão de 1920 -em processo
de tombamento há 16 anos-,
foi declarada como de utilidade
pública pelo prefeito Gilberto
Kassab (DEM) em março. Ela
seria desapropriada e viraria
um parque, mas, cinco meses
depois, a prefeitura mudou de
idéia e revogou o decreto.
A Secretaria Municipal do
Verde e Meio Ambiente afirma
que o decreto foi revogado porque a população concordou
com a construção dos prédios e
do shopping, durante uma reunião pública, onde estavam
presentes cem moradores -o
distrito de Pirituba tem 171 mil
habitantes. A secretaria afirma
ainda que a região já tem dois
parques municipais e ganhará
um terceiro até o final do ano.
"A secretaria fala como se já
houvesse muito parque na região. Fizeram uma reunião pública que não tem previsão legal. Não estamos falando de um
parque local. Pela área, trata-se
de um parque regional, de interesse de toda a cidade. É uma
reserva ambiental que a cidade
perde", diz o diretor-executivo
do Movimento Defenda São
Paulo, Heitor Tommasini, que
acompanha a questão.
A revogação do decreto tornou possível a construção do
empreendimento no terreno,
que fica em uma área nobre,
próxima ao Parque Cidade de
Toronto e ao City América. A
região é formada por sobrados
de alto padrão, que chegam a
custar mais de R$ 1 milhão.
Dona da área, a incorporadora Tishman Speyer afirma que
deverá apresentar o projeto oficialmente à prefeitura no começo de 2009. Mas a versão final será similar à apresentada
na reunião pública.
Além do shopping e dos 14
prédios -que terão entre 25 e
27 andares e 1.500 apartamentos, no total-, o terreno abrigará também um parque privado
de uso público, com 7.800 metros quadrados, que será uma
espécie de continuidade do
parque Cidade de Toronto.
Segundo a secretaria, a empresa também se comprometeu a preservar 1.137 árvores
existentes no local e plantar
novas 1.600.
Casarão
Parte do terreno é composta
por um casarão histórico de
1920, conhecido como Casarão
do Anastácio -em referência
ao primeiro dono da área,
Anastácio de Freitas Troncozo.
O terreno pertenceu posteriormente à marquesa de Santos.
Desde 1992, há um processo
de tombamento do imóvel no
Conpresp (conselho municipal
do patrimônio histórico). Mas
até hoje o órgão não deu um parecer final sobre o tombamento. Isso ocorre, diz o Conpresp,
porque há uma ordem de prioridade e processos sobre bens
considerados mais importantes são analisados primeiro.
Embora ainda não seja considerado um patrimônio histórico municipal, o casarão já está
protegido pelo município e nenhuma alteração nele, ou na
área de entorno -que inclui o
restante do terreno-, poderá
ser feita sem aval do Conpresp.
Durante a reunião pública,
no primeiro semestre, a empresa dona do terreno afirmou que
restauraria o casarão. O conselho afirma que ainda não recebeu pedido de autorização para
obras no local.
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