São Paulo, quarta, 3 de dezembro de 1997.



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SAÚDE PÚBLICA
Acidentes de carro fazem atualmente meio milhão de mortos e 15 milhões de feridos, revela estudo da OMS
Trânsito será 3ª causa de mortes em 2020

MARCOS PIVETTA
enviado especial a Washington

Os acidentes de carro serão a terceira maior causa de mortes ou ferimentos no mundo no ano 2020, ficando atrás apenas das isquemias do coração e da depressão.
Hoje, os acidentes de carro estão em nono lugar no ranking dos maiores problemas de saúde, causando anualmente meio milhão de mortes e 15 milhões de feridos.
Essa projeção -feita por um estudo conjunto da OMS (Organização Mundial da Saúde), Banco Mundial e Escola de Saúde Pública de Harvard- foi citada pelos especialistas ontem, na abertura da Terceira Conferência Anual em Transportes, Segurança de Trânsito e Saúde, em Washington.
O evento, cujo tema central deste ano é a prevenção de acidentes, é uma iniciativa do Instituto Karolinska, da OMS e da Volvo (montadora sueca), em colaboração com o Departamento de Transportes dos Estados Unidos.
Segundo os especialistas em trânsito e transportes, o aumento no número de acidentes de carros será mundial, mas mais acentuado ainda nos países em desenvolvimento, onde o uso do automóvel tem se tornado mais comum.
"A disseminação do uso do carro (nos países em desenvolvimento) é um sinal de progresso, mas também aumenta muito os riscos de acidentes", disse Rodney Slater, secretário do Departamento de Transportes dos EUA.
"Mesmo com campanhas de esclarecimento e a criação de leis mais rígidas, o número de mortos e feridos em acidentes de trânsito está crescendo em níveis alarmantes no mundo todo.
Os acidentes de carro já são a principal causa de morte e de problemas de saúde em termos globais, de acordo com o trabalho de Harvard e da OMS.
"Mais pessoas são mortas ou feridas no trânsito do que em todas as guerras que estão acontecendo no globo", disse Ake Nygren, do Instituto Karolinska.
Como a população mundial de jovens do sexo masculino tende a crescer nos próximos anos, os especialistas prevêem um aumento no número de acidentes.
Segundo Rodney, cerca de 42 mil americanos morrem todo ano em acidentes. Ele disse que a curva de crescimento de acidentes nos EUA é menor do que nos países mais pobres, mas muito preocupante.
Um em cada três americanos não usa cinto de segurança, um grau de utilização considerado baixo por Slater. Há países europeus em que 90% usam cinto.
Os especialistas querem mudar o discurso tradicional sobre prevenção de trânsito. Eles acham que hoje se dá muita ênfase ao número de mortos quando o mais correto seria enfatizar também o de feridos, que é muito maior.


O jornalista Marcos Pivetta viajou a Washington a convite da Volvo.



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