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Crítica ao atendimento público foi feita pelo presidente FHC ao jornal londrino "The Times"
Ministro concorda que saúde é pesadelo
RENATA GIRALDI
da Sucursal de Brasília
O ministro da Saúde, Carlos
Albuquerque, concordou ontem
com o presidente Fernando
Henrique Cardoso, que classificou o atendimento público de
saúde no Brasil de "pesadelo".
Albuquerque disse, no entanto, que o comentário poderia ter
sido feito pessoalmente e não por
meio da imprensa.
"É um pesadelo para o povo,
para ele e para nós", disse o ministro, completando a declaração de FHC, feita em entrevista
ao jornal britânico "The Times".
"É um pesadelo em meio a uma
tempestade", completou.
FHC também disse ao jornal
britânico que o sistema de saúde
no país continua contaminado
pelo "excesso de burocracia e
corrupção", a despeito do investimento público no setor.
Segundo o presidente declarou
ao "The Times", os resultados
de todo esse investimento continuam sendo "tímidos".
Albuquerque discordou da timidez dos resultados da política
pública para o setor, como afirmou o presidente.
Disse que, "à primeira vista", a
impressão pode ser de que os resultados são "tímidos" porque
as mudanças são lentas, o que
provoca um período de "inércia".
Demissão
"Não era mais fácil ele me chamar e fazer as críticas diretamente?", reagiu o ministro, ao ser
questionado sobre a forma como
FHC criticou seu trabalho.
"Não me sinto atingido em nada", afirmou em seguida.
Albuquerque disse que não
pensava em deixar o cargo e, caso o presidente queira que ele o
faça, não vê inconveniente.
"Não estou aqui por apoio de
partido político", disse o ministro. "Ocupo um cargo técnico e
estou aqui (há 11 meses) por causa da minha competência técnica."
A cada pergunta em que era
questionado se estava se sentindo frustrado, incomodado ou
coagido por causa das críticas de
FHC, o ministro mostrava a lista
de realizações do seu ministério,
reconhecendo que ainda há muito a ser ser feito.
"Estamos procurando controlar a corrupção, desburocratizar
e descentralizar. Ele nunca me
deu nenhuma outra orientação
que não fosse essa", disse Albuquerque. "Estou fazendo exatamente o que nós combinamos."
Albuquerque afirmou que, no
ano que vem, a população vai
poder ver os efeitos da descentralização, da municipalização,
do controle feito pela vigilância
sanitária e a distribuição de medicamentos.
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