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Atendimento médico é inadequado
DA REPORTAGEM LOCAL
Elas são brancas, solteiras, com
menos de 35 anos, têm até o ensino fundamental e, em geral, estão
presas por roubo ou tráfico de
drogas, sendo quase sempre levadas ao crime pelos namorados.
Minoria não só em representação, mas também em igualdade
de direitos, as mulheres presas sofrem pela falta de atendimento
médico e odontológico, pela separação dos filhos e pela solidão.
Segundo dados da Coordenadoria de Saúde da Secretaria da
Administração Penitenciária, a
contaminação por Aids entre as
detentas beira os 20%. Já as doenças mentais acometem 10% das
presidiárias paulistas.
Mas há também a tuberculose,
as doenças crônicas e as infecto-contagiosas, para as quais o tratamento é precário e, praticamente,
sem medidas preventivas.
A coordenadora de saúde da secretaria, Maria Eli Bruno, afirma
que há muitas dificuldades para
garantir atendimento médico nos
presídios. "Queríamos resolver
todos os problemas, mas há muitas barreiras", afirma.
Negligência
Em muitos casos, a falta de
transporte ou de escolta impede
que os presos sejam deslocados
até o hospital. Segundo Maria Eli,
90% dos agendamentos com especialistas não são cumpridos.
A detenta C.L., 25, está presa há
oito meses no Tatuapé e foi vítima
da falta de atendimento adequado. Em agosto deste ano, C.L., que
estava grávida de seis meses de
gêmeos, perdeu os bebês por não
ter recebido tratamento para uma
infecção urinária.
"Minha gravidez era de risco, tinha sangramentos e dor. O atendimento da enfermaria não funcionava e nunca conseguia ir ao
hospital fazer exames", diz.
C.L. conta que, quando conseguiu fazer os exames, levou dois
meses para que o médico do presídio abrisse os papéis e constatasse a doença. Acabou sendo tarde demais. As crianças nasceram
prematuras e não resistiram.
Maria Eli diz que o caso é controverso. "Ela afirma que houve
negligência, mas o médico do presídio tem documentos que comprovam que ela foi atendida."
Após quatro meses e sem as
crianças, C.L. ainda não conseguiu curar-se da infecção. Segundo Maria Eli, uma das maiores dificuldades para promover atendimento de saúde nos presídios é a
falta de profissionais.
"Fazemos concursos, aprovamos pessoas, mas ninguém quer
assumir. Um dos motivos para isso são os baixos salários", afirma a
coordenadora.
(MD)
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