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São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2003

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RIO

Delegado pede que a Justiça proíba filha mais velha do executivo da Shell de deixar o país antes de prestar depoimento

Polícia vê participação da família em crime

DA SUCURSAL DO RIO

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, indicou ontem que a polícia tende a concluir que houve participação de alguém da família no assassinato do executivo da Shell Zera Todd Staheli, ocorrido no último domingo. "O criminoso conhecia em detalhes a própria casa", afirmou o secretário.
A mulher do executivo, Michelle, 34, também foi atingida. Ela está hospitalizada em estado considerado gravíssimo.
No início da noite de ontem, o delegado Carlos Henrique Machado, da Delegacia de Homicídios, afirmou que solicitou à Justiça que impeça a filha mais velha do executivo, uma adolescente de 13 anos, de deixar o Brasil até que ela preste depoimento.
Por lei, nenhuma testemunha pode ser impedida de viajar, segundo o advogado criminalista Paulo Ramalho. O advogado afirma que, como filha da vítima, a jovem pode se recusar a depor, e essa recusa teria amparo no Código de Processo Penal.
De acordo com Ramalho, um menor de 18 anos, na ausência dos pais ou de responsáveis legais, pode depor apenas com autorização da Justiça e o acompanhamento de um psicólogo.
No domingo, horas depois de o casal ser atacado, a adolescente chegou a ser interrogada, mas não assinou o depoimento. Com os pais, a jovem veio para o Brasil há três meses. A família morava em Salt Lake City (EUA).
Staheli foi assassinado em sua casa no condomínio Porto dos Cabritos, na Barra da Tijuca (zona oeste). Sofreu golpes na cabeça, possivelmente de uma machadinha ou de um cutelo. Trabalhava na Shell havia dez anos.
No momento do crime, estavam na casa os quatro filhos do casal: a adolescente de 13 anos, um menino de dez e duas garotas de cinco e três anos.
Quatro parentes do casal chegaram ontem ao Rio para cuidar das crianças e tratar do envio do corpo do executivo para os EUA. Os pais dele e dois irmãos da mulher desembarcaram por volta das 6h em um jato fretado pela Shell.
Michelle está internada no centro de terapia intensiva do Hospital Copa D'Or (Copacabana, zona sul). Segundo boletim médico divulgado no fim da tarde, o estado de saúde dela piorou. Houve aprofundamento do nível de coma e piora neurológica.
O corpo de Staheli foi embalsamado ontem e deve seguir hoje para os EUA.

"Atípico"
Para Garotinho, o crime foi "atípico". Em duas entrevistas, o secretário afirmou que a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte) já foi descartada pela polícia. "Havia ao lado da cabeceira um relógio Rolex de ouro maciço e um pote de jóias preciosas. A empregada vistoriou a casa e objetos caríssimos da família estavam todos ali. Nada foi tocado."
O secretário listou algumas conclusões da polícia: a casa não tem sinais de arrombamento; o muro dos fundos foi analisado e não há indício de que alguém possa tê-lo escalado para entrar na casa; e a empregada não participou do crime. "É muito pouco provável que ela pudesse fazer aquilo tudo com o requinte de não deixar impressões digitais nem deixar respingar sangue em lugar nenhum."
De acordo com Garotinho, as portas da casa são controladas por um sistema eletrônico. "O portão só pode ser aberto se alguém apertar o botão dentro da casa e alguém do lado de fora empurrar. Logo, alguém precisaria apertar [o botão] de dentro."
Segundo o administrador do condomínio, J. Carlos, Staheli era um homem alegre e simpático. Ele frequentava a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, da linha mórmon.
O administrador disse que, além da empregada e do motorista, um pedreiro que já tinha prestado serviços para vários moradores trabalhava na casa dos Staheli.
Cinco seguranças do condomínio que estavam de plantão na madrugada de domingo já prestaram depoimento.


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