São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2003 |
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PATRIMÔNIO Reitor apresentou ontem o projeto da base avançada a ser instalada em Santos, junto a ruínas de prédio histórico Antigo engenho abrigará unidade da USP
FAUSTO SIQUEIRA DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS A USP (Universidade de São Paulo) apresentou ontem o projeto arquitetônico da base avançada da instituição a ser instalada na área das ruínas do histórico engenho de São Jorge dos Erasmos, em Santos (litoral de São Paulo). Construído na primeira metade do século 16 -há divergências quanto à data precisa- na então Capitania de São Vicente, o São Jorge dos Erasmos está entre os três engenhos de açúcar mais antigos do Brasil. O nome é referência ao holandês Erasmos Schetz, um dos primeiros proprietários da área de cerca de 41 mil m2, situada no sopé do morro da Caneleira e doada à universidade em 1958. Educação e pesquisa A partir do projeto concebido pelo professor e arquiteto Julio Katinsky, o objetivo da universidade é estabelecer no local uma unidade destinada a atividades educacionais e de pesquisa, com auditório, centro cultural, laboratório, espaço para exposições e salas de aula. A base ocupará 600 metros quadrados de um terreno junto à área das ruínas, a ser cedido à USP pela Prefeitura de Santos. A obra tem orçamento estimado em R$ 900 mil e deverá ser tocada por meio de parcerias com empresas privadas, conforme informou o reitor da USP, Adolpho José Melfi. Segundo o reitor, a intenção é inaugurar o prédio no ano que vem, como parte das atividades comemorativas dos 70 anos da universidade, criada em 1934. Pesquisa arqueológica A implantação da base garantirá a fixação de pessoal próprio da USP no local e a continuação do trabalho de pesquisa arqueológica, em andamento desde 1996. A finalidade dessa pesquisa é descobrir evidências da estrutura original e do modo de produção do engenho. De acordo com a arqueóloga Margarida Davina Andreatta, da USP, as escavações deverão ser retomadas em 2004. O objetivo é localizar os alicerces do engenho e desvendar como eram distribuídos e utilizados os espaços no local. Em abril passado, a equipe de arqueólogos, técnicos, estagiários e estudantes da USP e da UniSantos (Universidade Católica de Santos) localizou os vestígios de uma capela e de um cemitério com pelo menos 20 ossadas humanas, provavelmente de indígenas escravizados no século 16. Antes, em 1996 e 1997, já tinham sido encontrados em diferentes pontos do sítio arqueológico fragmentos de louça, faiança, porcelana, cerâmica, telhas, madeiras, vidros e metais. Também foram identificados naquele terreno restos de soleiras de portas, calçadas de pedra, fossos, seteiras (estreitas aberturas em muralhas destinadas à defesa de fortificações), além de uma pedra de moinho. Para retomar as prospecções, a equipe terá de aguardar nova autorização do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), já que as ruínas são tombadas. A arqueóloga estima que, para a conclusão das escavações nas ruínas do engenho, serão necessários pelo menos outros cem dias úteis (sem chuva ou vento) de trabalho de toda a equipe. Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Saúde: Clínicas do Rio detectam possível problema em alimento para bebês Índice |
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