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Jovens acusam seguranças de agredi-los durante festa na Daslu
Confronto aconteceu durante baile de debutantes quando um adolescente era retirado do salão
Responsabilidade é da firma que promoveu evento, diz butique; organizadora da cerimônia culpa intrusos e cita rixa entre colégios
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
A festa de debutante da filha
de um dos mais importantes
empresários do setor calçadista
nacional seria na Daslu, a megaloja do luxo de São Paulo, no
Itaim Bibi. Por causa disso, a
mãe do menino de 15, estudante do tradicional colégio Santo
Américo, ficou tranqüila e entregou o filhote às 23h na portaria da construção em estilo
neoclássico. Haveria segurança, alimentação de qualidade,
boa freqüência -tudo certo.
O combinado era que, quando o jovem quisesse voltar para
casa, telefonaria para o pai ir
buscá-lo. A mãe foi dormir. Por
volta das 3h30 de domingo, 26
de novembro, o telefone tocou.
Era o menino que, aos gritos,
avisava que fora espancado por
seguranças da festa, arrastado
pelos cabelos e, em seguida, jogado na beira da marginal Pinheiros, pelos fundos da loja.
Ao chegar à Daslu, os pais encontraram o filho com o terno
rasgado -era exigido traje social completo-, sujo, galos na
cabeça, corte na orelha, nariz e
lábio superior inchados e sangrando. Outros 50 garotos estavam do lado de fora, alguns machucados muitos embriagados.
Durante a semana, o site Orkut registrou conversas sobre a
briga. Dois vídeos foram colocados no YouTube, com cenas
do confronto, gravadas no celular por uma garota. Até boletim
de ocorrência foi lavrado, as vítimas encaminhadas para exame no Instituto Médico Legal.
"Vou falar com meu pai"
A festa da debutante, aluna
do colégio Porto Seguro, foi
preparada com esmero: 1.200
pessoas receberam o convite
para o evento, impresso em letras vermelhas sobre espelho
bisotê quadrado, embrulhado
em cartolina prateada, arrematado por laço de fita bordô. Boa
parte dos convidados era aluno
de escolas conceituadas, como
Santo Américo, Miguel de Cervantes, Lourenço Castanho e
Porto Seguro.
Quatro ambientes foram alugados da Daslu para a festa.
Uma funcionária da loja disse à
Folha que apenas a locação do
espaço limpo -sem decoração,
segurança, bufê, convites ou
ambulatório médico- sai na
faixa de R$ 40 mil a R$ 83 mil.
Os jovens, cerca de 800, ficavam no ambiente maior, que
tem uma pista de dança, sofás
azuis, um bar no centro, comidinhas do bufê do Charlô e uma
arquibancada.
Os adolescentes entrevistados pela Folha dizem que uísque, champanhe, vinho e vodca
eram abundantes no ambiente
dedicado aos mais velhos, cuja
entrada era guardada por um
segurança. "Mas era muito fácil
invadir o espaço. Bastava dizer
para o segurança: "Pera aí que
eu vou falar com o meu pai", entrar lá e pegar um copo de uísque. Um monte de gente fez isso", disse um jovem.
Outros meninos disseram
que o bar no salão dos jovens
servia vodca, saquê e licor aos
adolescentes, o que a organizadora da festa, a cerimonialista
-ela prefere ser chamada assim- Patrícia Monti, nega ter
ocorrido.
Como começou a pancadaria? Um menino, 16 anos e 1,89
m, disse à Folha que, por volta
das 3h, um grupo de seguranças estava escoltando um aluno
do Santo Américo para fora da
festa (por um motivo desconhecido) quando três amigos
apareceram para "salvá-lo", levando-o de volta para o salão.
Aí a coisa cresceu. "Um homem
nunca abandona o amigo em
dificuldades", explicou um garoto de 15 anos, calculando que
50 meninos tenham se chocado com 30 seguranças.
"Olha, gente, eu tô de salto,
não corre muito", diz uma menina em um dos vídeos que foi
parar no YouTube enquanto
fugia da confusão. "Quem diria
que festa na Daslu acabasse assim", ironiza outra garota.
A Daslu diz que a responsabilidade pela segurança durante
a festa é da firma que promoveu o evento. Esta culpa os "bicões" pela confusão durante a
comemoração.
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