DA SUCURSAL DO RIO

Especialistas consultados pela Folha destacam o fato de a diferença a favor dos meninos em matemática ser maior nos anos finais que nos iniciais.
Para o matemático e pesquisador em educação Ruben Klein, da Fundação Cesgranrio, é preciso considerar que as taxas de repetência e evasão das meninas são menores na educação básica. Isso significa que uma proporção maior de meninos fica pelo meio do caminho e não chega ao terceiro ano do ensino médio.
Sem esses alunos evadidos, que são justamente aqueles de menor nível socioeconômico e pior rendimento escolar, a comparação fica desequilibrada, pois eles tenderiam a baixar a média geral caso conseguissem chegar ao 3º ano.
"Na 4ª série, a proporção de meninos e meninas é quase igual. No 8º e no 3º anos, no entanto, já há mais mulheres do que homens. Quando se analisa o desempenho no último ano da educação básica, estamos falando apenas de quem conseguiu chegar lá", afirma Klein.

Olimpíada
Suely Druck, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Matemática, diz que esse crescimento da distância em favor dos meninos ao longo das séries aparece também na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, onde ela é diretora acadêmica.
"Na 5ª e 6ª séries, 40% dos vencedores são mulheres. No nível seguinte, esse percentual cai para 20% e, no ensino médio, mal chega a 10%. Se há meninas talentosas em matemática na 5ª série, onde elas vão parar depois? O talento não acaba, o que me leva a concluir que elas são direcionadas para outras áreas", afirma.
Klein também destaca a questão cultural. "Não sei qual seria o peso da genética, mas certamente essas questões culturais são muito importantes."
Para ele, o fato de meninas terem desempenho melhor em leitura e estarem diminuindo a distância em matemática pode também ser reflexo de uma maior dificuldade da escola de lidar com os garotos. "Até a 4ª série, praticamente só há professores mulheres em sala."


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