São Paulo, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010

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Endinheirados pagam R$ 4,5 mil por voo para fugir do trânsito

Procura por voos do litoral norte para São Paulo aumenta e congestiona aeroporto de Ubatuba

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
MARLENE BERGAMO
REPÓRTER-FOTOGRÁFICA

Endinheirados dispostos a pagar R$ 4.500 por um voo até São Paulo, e evitar mais de 100 km de paralisação no trânsito das rodovias Rio-Santos e dos Tamoios, no litoral norte, congestionaram ontem o aeroporto de Ubatuba (250 km de SP).
O movimento em apenas uma das empresas de táxi aéreo que operam no local, e normalmente oferece voos turísticos de helicóptero, teve um aumento de mais de 400% . Até o meio-dia, foram dez traslados.
O industriário Murilo Fakury, 49, que saiu de Goiânia no dia 29 com a mulher e a filha, e desceu de Cumbica para Paraty de ônibus, pretendia fazer o mesmo na volta, mas não teve tempo. "Vamos de avião, para não perder o voo para Goiânia, às 16h15", afirmou Murilo, que embarcou com a família em um jatinho Senica às 13h.
A relações públicas Fernanda Ferraz, 33, que foi no dia 28 de São Paulo para Ubatuba com um amigo, de carro, entrou no voo seguinte. "A galera vai voltar durante a semana. Não posso ficar, tenho coisas para entregar no trabalho", disse.
Contribuiu para o aumento na procura dos táxis aéreos o fato de a rodovia Oswaldo Cruz, outra possibilidade de retorno para São Paulo, estar interditada (leia texto ao lado).
"O céu está carregado na serra, impróprio para voos de helicópteros. Tivemos de trazer aviões extras de São Paulo. Desde ontem não param de ligar perguntando sobre os fretes", disse o comandante Maya Jr., coordenador de operação. Os voos foram feitos em aviões com configuração para quatro passageiros (mais pilotos).
Também viajaram por ar o industrial Márcio Favari, 38, a mulher e a filha. Na sala de espera, disseram ter abortado o pacote de fim de ano, que iria até hoje, para fugir de deslizamentos, pois estavam hospedados na Pousada do Preto, vizinha à Sankay, a mais atingida na tragédia da praia do Bananal, na Ilha Grande (RJ). Eles contaram que acordaram às 7 h do 1º dia de 2010 sem acreditar no pesadelo. "A pousada foi transformada em enfermaria das vítimas, estava cheio de gente ferida, os parentes chorando, bombeiros passando, médicos se desdobrando para atender tanta gente. Mas foi bom ver que todos queriam ajudar", disse Márcio.
Na estrada, motoristas que saíram de Ubatuba por volta das 4h de ontem, como a bancária Fabiana Medeiros, 37, demoravam cerca de cinco horas para percorrer 25 km (metade do caminho até Caraguatatuba). "Ai, me diz que vai melhorar lá pra cima [em direção a São Paulo]", pedia Fabiana. Mas a resposta de quem vinha no contrafluxo não animava.
Bem acima, no km 18 da Tamoios, a polícia rodoviária segurava por dez minutos o trânsito da descida, a fim de dar uma pista a mais para desafogar o fluxo intenso da subida.
Às 18h30, Fabiana Medeiros liga com uma voz fraquinha, para dizer que chegou em São Paulo. Quatorze horas depois do início da jornada de volta para casa.


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