São Paulo, sábado, 04 de fevereiro de 2006

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SAÚDE

Anvisa autorizou comercialização de produto, mas apenas os lotes fabricados depois do dia 27 podem voltar ao mercado

Governo libera a venda do esmalte Impala

THARSILA PRATES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu liberar a fabricação, distribuição, comércio e uso de toda a linha de esmaltes da marca Impala, fabricados pelo laboratório Avamiller de Cosméticos, de Guarulhos. Os produtos estavam proibidos desde o dia 13 de janeiro.
Com a liberação, publicada no "Diário Oficial" da União em 2 de fevereiro, os lotes produzidos a partir do último dia 27 de janeiro -data da última inspeção da Anvisa- poderão voltar ao mercado. Os que foram fabricados antes dessa data continuam proibidos.
A empresa faz esmaltes de apelo ao público jovem, como os da linha Xuxa e Angélica, e tem como destaque também a linha hipoalergênica. Cerca de 4 milhões de unidades são fabricadas por mês.
De acordo com a Anvisa, a Impala, nesses 19 dias, conseguiu atender a todas as exigências feitas pelo órgão. A empresa fez a calibragem dos equipamentos da linha de produção, comprou novos termômetros e um novo medidor de viscosidade.
Um laudo da Fundação Oswaldo Cruz concluiu, em agosto de 2005, que o esmalte usado por uma consumidora -que deu origem à investigação da Anvisa- tinha grau de acidez próximo do corrosivo. O problema pode ter sido provocado justamente por uma falha da balança.
Ainda segundo a Anvisa, a Impala fechou convênio com uma empresa que ficará responsável pela calibragem das balanças.
Gerente de controle e fiscalização de medicamentos e produtos da Anvisa, José Augusto Simi afirma que o prazo para a liberação da venda do esmalte dependia da própria empresa e de seu poder de investimento.
Procurada ontem pela Folha, a Impala não quis comentar a nova decisão da Anvisa. Na época da proibição, a empresa disse ter estranhado a decisão da agência, mas concordou em retirar os produtos do mercado e em atender às exigências feitas pelo órgão o mais rápido possível.
A Impala estava proibida de fabricar e comercializar os esmaltes desde o dia 13 de janeiro, quando a Anvisa interditou a empresa depois de denúncias de dois consumidores ao Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo.
Em agosto do ano passado, o centro interditou o lote 02/04 do esmalte Xuxa by Impala Glitter 779 - Top Prata. Um laudo do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz apontou que os esmaltes da Impala poderiam causar irritação na pele e tinham grau de acidez próximo ao dos produtos corrosivos. A empresa contestou o laudo e encomendou outro a um órgão independente que concluiu que o produto não causava irritação na pele.
A produtora cultural Luiza Rotbart, 53, relatou ter tido problemas alérgicos com o produto da linha Xuxa, em dezembro de 2003. Ela disse que sofreu inicialmente inchaço das cutículas e reações que atingiram as mãos, rosto, ouvidos e olhos.
Entre a reclamação da produtora e a interdição do lote da linha Xuxa by Impala pela Vigilância paulista, quase dois anos se passaram. O centro atribuiu a demora ao tempo que a amostra ficou sob análise da Fiocruz.
A manicure Maria Sandra Alves, 37, que trabalha em um salão de beleza em Higienópolis, afirma que guardou os esmaltes da Impala assim que soube da proibição. A pedido de clientes, porém, vem usando os produtos há duas semanas. "Ninguém reclamou de reação nenhuma", disse Alves, que não sabia da liberação.


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