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Disputa judicial adia remédio mais barato
Laboratórios pedem maior duração das patentes, o que impede fabricação do genérico, que custa pelo menos 35% menos
Para membro do governo, "as extensões de patentes causam desequilíbrio entre o interesse público e o setor industrial" em todo o Brasil
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Laboratórios farmacêuticos
e o governo brigam nos tribunais em razão de os fabricantes
de remédios desejarem prorrogar a patente de produtos. Estender as patentes significa
adiar o início da produção de
genéricos das drogas.
A quebra das patentes ocasionaria uma redução de 35%
no preço dos medicamentos,
segundo a legislação nacional, e
estenderia o acesso ao medicamentos. Estima-se hoje que 50
milhões de brasileiros não tenham acesso a remédios -não
só os patenteados.
Por outro lado, as indústrias
dizem que as patentes são suas
principais garantias para seguirem investindo em novas descobertas e que as solicitações
de extensão são justas.
O governo argumenta que é
hora de o Judiciário ser mais
sensível e pensar mais no interesse público do que na propriedade intelectual como instrumento econômico.
"As extensões de patentes
causam desequilíbrio entre o
interesse público e o setor industrial", afirma Mauro Maia,
procurador-chefe do Instituto
Nacional de Propriedade Intelectual, órgão ligado ao Ministério do Planejamento.
A reportagem verificou que,
entre 22 dos casos que correm
nos tribunais brasileiros (estima-se que haja 70 processos),
nove pedem extensão de um
ano da patente. "É claro que, se
houver genérico, é melhor para
todo mundo. O ideal era não
haver patente nenhuma", diz o
advogado Sérgio Morales, 60,
consumidor do Actos (pioglitazona), remédio para controle
do diabetes, R$ 164,98 a caixa,
patente vencida em 2005, com
pedido de extensão até 2011.
O presidente da Interfarma
(que reúne gigantes do setor
farmacêutico), Gabriel Tannus,
afirmou que os pedidos de extensão de patentes são casos
isolados. "Existem casos isolados que acompanhamos e que
houve extensão no país de origem da patente. Isso tem sido o
principal motivo para as empresas fazerem os pedidos
aqui", disse Tannus.
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