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Armados, "médicos de preto" atuam em ações da PM no Rio
Com medo de ataques criminosos, policiais pedem ambulância blindada para salvar os colegas nas operações contra o tráfico
Por ano, grupo faz mais de mil ações de socorro, quase sempre de policiais feridos por disparos; integrantes carregam fuzis e pistolas
Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
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Policial-médico em unidade do Batalhão de Operações Especiais (Bope), em Laranjeiras, no Rio |
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
A Convenção de Genebra,
que rege leis internacionais de
direitos humanos em tempos
de guerra, estabelece que "as
ambulâncias e os hospitais militares serão reconhecidos como neutros e, assim, protegidos
e respeitados pelos beligerantes enquanto acomodarem feridos e doentes".
No Rio da guerra entre policiais e traficantes, a convenção
não vale, contam PMs do Gesar
(Grupamento Especial de Salvamento e Ações de Resgate),
responsáveis por resgatar policiais feridos em confronto.
"Bandido não tem respeito
nenhum. Em guerra, respeitam
ambulâncias. Aqui não tem essa", afirmou o tenente-médico
Armando Santos. "Está tatuado
bem grande na ambulância: Polícia Militar", afirma o soldado
Antônio Maia.
Vítimas de ataques de criminosos, os 75 integrantes -médicos e socorristas- do Gesar
só trabalham com pistolas e fuzis e pedem ambulâncias blindadas. Nenhuma das quatro
unidades UTIs, duas ano 2001 e
duas 1997, tem blindagem.
"Se Deus quiser, vamos conseguir ter uma ambulância
blindada. É um colete à prova
de balas coletivo", afirmou o
major André Luiz Vidal, há oito
anos comandante da unidade.
"Se tiver conhecimento com o
governador, põe aí: precisamos
de ambulância blindada", pede
um praça ao repórter.
O comandante-geral da PM,
coronel Ubiratan Ângelo, afirmou à Folha que a ambulância
blindada é um pleito da corporação ao governo.
Prestes a completar 12 anos,
o Gesar tem atuação única no
resgate com risco no país, diz
major Vidal. Faz mais de mil
atendimentos -entre socorros
e transferências hospitalares-
por ano, boa parte dos atendimentos por trauma provocado
por tiros.
PMs por formação e socorristas por especialização, os integrantes do Gesar treinados
para salvar vidas muitas vezes
têm de, paradoxalmente, trocar tiros para cumprir a missão
de resgatar colegas baleados
em outros tiroteios.
"Nosso lema é seringa e luva
numa mão e pistola na outra",
explica o cabo Marçal, enfermeiro, que dá instrução e palestras sobre a atuação do grupamento nas Forças Armadas.
"Todos trabalham armados:
é uma questão de sobrevivência", diz o major Vidal, que, curiosamente, é dentista.
Os socorristas tampouco
vestem o branco tradicional
dos profissionais da saúde. Só
usam jaleco em transferências
para o Hospital Central da PM.
"O branco chama muito a atenção e nos deixa expostos", explica Maia, um dos cinco membros do Gesar que integram a
Força Nacional de Segurança.
À primeira vista, os integrantes do Gesar parecem PMs comuns ao saírem para resgates.
Uniforme cinza, colete preto à
prova de balas e uma ou duas
pistolas.
O Gesar está centralizado no
Batalhão de Choque, mas mantém duas outras unidades: uma
no Cefap (Centro de Formação
de Praças) e uma no 12º Batalhão da corporação, em Niterói.
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