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Falha torna pré-pago recurso para crime
Operadoras de telefonia não exigem todos os dados dos clientes,como nome e endereço completos, número do CPF ou identidade
Reportagem conseguiu comprar, utilizando dados de terceiros, aparelhos celulares das operadoras TIM, Brasil Telecom e Claro
LEONARDO SOUZA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
A compra de celulares pré-pagos com o uso de nomes falsos e laranjas, muito utilizada
por traficantes e pessoas interessadas em esconder a identidade, é uma prática comum e
de fácil execução. Para demonstrar a fragilidade dos mecanismos de controle das telefônicas, a reportagem comprou
chips pré-pagos das operadoras
TIM, Brasil Telecom e Claro
fornecendo dados de terceiros.
Caso recente que exemplifica
o uso de celular "frio" para omitir a identidade do usuário foi
protagonizado, segundo a Polícia Federal, pelo ex-petista Hamilton Lacerda. Segundo a PF,
ele usou um aparelho da Vivo
em nome da atriz Ana Paula
Vieira para negociar a compra
de um dossiê contra tucanos.
A lei (10.703), que obriga as
operadoras a manter cadastros
atualizados dos usuários de
pré-pagos, tem se mostrado
inócua. Ela foi criada em 2003
para dificultar o uso desses
aparelhos "piratas" sobretudo
por detentos -após várias rebeliões organizadas por celulares de dentro dos presídios.
As operadoras, por exemplo,
não exigem do comprador todos os dados pessoais determinados na lei -nome e endereço
completos, CPF ou identidade.
Na Claro, a reportagem obteve a nota fiscal no nome de uma
mulher, mas habilitou o número em nome de um homem. Na
TIM e na Brasil Telecom, os repórteres não apresentaram um
documento sequer e saíram da
loja com os aparelhos já habilitados em nome de mulheres.
Na TIM e na Brasil Telecom,
o chip foi adquirido informando apenas o CPF e o nome incompleto da pessoa. Na Claro, o
desbloqueio é feito por um telefone de atendimento ao cliente,
o que facilita o trabalho dos falsários, pois não é preciso apresentar nenhum documento.
"As companhias telefônicas
no Brasil atuam com um sistema precário de checagem para
atrair o consumidor e facilitar a
compra para ganhar mercado",
diz Ricardo Wada, diretor do
Departamento de Proteção e
Defesa do Consumidor.
O promotor Arnaldo Salles
Lima Júnior, de São Paulo, diz
que quem compra celular com
dados falsos comete crime de
falsidade ideológica, com pena
de prisão de até cinco anos.
A Folha só repassou informações de pessoas que autorizaram ter os nomes usados na
compra, mas mantidos sob sigilo na hora da publicação.
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