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Aluno continua mal em matemática em SP
Dados da Prova São Paulo 2009, que avalia alunos da rede municipal, mostram pequena melhora apenas em português
Nem metade dos estudantes avaliados obteve nível satisfatório; na 8ª série,
91% não aprenderam o que se esperava em matemática
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os alunos da rede municipal
de SP tiveram em 2009 um desempenho um pouco melhor
em português, mas continuam
muito mal em matemática. Em
todas as séries, nem metade obteve nível satisfatório.
A situação mais grave é da 8ª
série, em que 91% dos alunos
não aprenderam o que se esperava em matemática (não conseguem, por exemplo, converter quilômetros em metros).
O panorama foi apurado por
meio da Prova São Paulo 2009,
exame cujos resultados foram
obtidos pela Folha -300 mil
estudantes de 2ª a 8ª série do
ensino fundamental participaram da prova, que segue metodologia de avaliações federais.
Nas quatro séries em que todos os alunos foram avaliados,
houve melhora das médias em
português, ainda que tímida. O
maior avanço foi na 2ª série
(11%); o menor, na 6ª (0,3%).
Mas, mesmo na 2ª série, 56%
não atingiram o esperado pela
gestão Gilberto Kassab (DEM)
-o aluno nessa série deveria
saber, por exemplo, localizar
informação explícita em um
anúncio de classificados.
Já em matemática, houve leve queda em três das quatro séries e aumento de 0,4% na 2ª.
Nesta etapa, que tem a melhor
condição de todas, 83% não tiveram a nota desejada (espera-se habilidades como ler horas e
minutos num relógio digital).
Para o presidente do Sinesp
(entidade que reúne gestores
das escolas), João Alberto Rodrigues de Souza, a diferença
entre as disciplinas ocorre porque a prefeitura focou o português, com o programa Ler e Escrever, que capacita docentes e
fornece materiais específicos.
O governo nega. Diz que no
programa há conteúdos de matemática. Para o secretário de
Educação, Alexandre Schneider, há "dificuldade mundial"
para ensinar a disciplina. "Os
resultados estão aquém do que
esperamos. Mas a rede já está
preparada para dar um salto de
qualidade. A melhora nas séries iniciais indica isso."
Ele cita como exemplos de
melhor organização da rede a
redução das escolas com "turno
da fome" (o que possibilita
maior jornada), a introdução de
currículo e materiais para alunos e docentes e o aumento das
matrículas no ensino infantil (o
que prepara melhor os alunos).
Pesquisador da Fundação
Cesgranrio (que aplicou a prova), Ruben Klein diz que "a rede
teve avanços consideráveis em
português, mas há um grande
desafio em matemática". Segundo ele, exames de outras redes apontam o mesmo problema. "Há preconceito contra matemática no país. É considerado
aceitável não saber. É péssimo
para um país que precisa de desenvolvimento tecnológico."
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