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Embriaguez induz a falta de prevenção
GABRIELA ATHIAS
da Reportagem Local
Pesquisa feita com dependentes
de álcool mostra que, quando embriagados, apenas 22,5% dos homens costumam usar preservativos em relações sexuais.
Esse dado é resultado de quatro
anos de trabalho do Programa de
Atendimento a Dependentes
(Proad), da Universidade Federal
de São Paulo. Nesse período, o
centro atendeu a 1.348 pessoas,
sendo 1.1176 homens e 172 mulheres. O universo da pesquisa se refere apenas aos participantes do
programa.
Entre os adolescentes, a relação
entre drogas e prevenção é ainda
pior: 56,1% dos entrevistados
nunca usam preservativos ou não
o utilizam com frequência.
O psiquiatra Dartiu Xavier,
coordenador da pesquisa, diz que
a negligência com a prevenção
entre os homens sob efeito do álcool não é resultado de incapacidade física temporária para colocar a camisinha.
Para Xavier, o álcool leva a um
sentimento de onipotência, responsável por uma sensação "de
que nada de mal" vai acontecer,
diz. "O indivíduo passa a ter dificuldade de avaliar os riscos que
corre", afirma Xavier.
O psiquiatra André Malbergier,
do Hospital das Clínicas, diz que
os homens que não são dependentes de álcool, mas apenas
usuários eventuais, são os mais
expostos a risco. Isso porque, segundo Malbergier, eles ainda não
estão com o desejo sexual comprometido pelo uso contínuo do
álcool, a exemplo do que ocorre
com os viciados.
Entre as mulheres, o efeito do
álcool, e de outras drogas, é diferente em relação à prevenção.
Mesmo sob efeito dessas substâncias, elas continuam fazendo sexo
seguro. No entanto, a pesquisa
mostra que elas fazem sexo com
muito menos frequência do que
os homens.
Xavier diz que a droga costuma
inibir o desejo. Mas há uma pressão social sobre os homens para
que eles continuem fazendo sexo.
O psiquiatra Jorge Figueiredo
diz que as mulheres dificilmente
se consideram alcoólatras. "A
maioria diz beber porque se sente
só", completa.
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