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O PODER DO CRIME
Em janeiro e fevereiro, 40 foram exonerados por envolvimento com fugas e tráfico de armas e drogas
Secretaria bate recorde de demissões
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria da Administração
Penitenciária de São Paulo, nos
últimos dois meses, demitiu mais
funcionários de presídios acusados de cometer faltas graves do
que a média anual dos seis anos
anteriores.
Entre janeiro e fevereiro, 40 deles foram exonerados em razão de
envolvimento, principalmente,
com fugas, tráfico de drogas e a
entrada de armas nas prisões.
De 95 a 2000, o governo do Estado demitiu 185 funcionários do
sistema carcerário, o que dá uma
média de 30 por ano.
"Estamos apertando o cerco
contra a corrupção e revendo
procedimentos de trabalho", diz o
corregedor dos presídios do Estado, Clayton Alfredo Nunes, 40, no
cargo há quatro meses.
Um desses novos procedimentos limita, desde a semana passada, a entrada a, no máximo, duas
pessoas por preso nas visitas.
Antes, esse número chegava a
nove. Em um final de semana,
quase 10 mil pessoas passavam
pela Casa de Detenção de São
Paulo. "É praticamente impossível revistar todo mundo", afirma.
O agente penitenciário, de acordo com ele, é o que mais aparece
envolvido em casos de corrupção
por estar mais próximo do condenado. Dos 17 mil funcionários em
penitenciárias, 13 mil têm contato
direto com os detentos.
"Quanto mais perto do preso,
quanto maior a prisão, maior o
risco de envolvimento com a corrupção", diz o corregedor. É por
esse motivo que a corregedoria
quer usar o complexo do Carandiru como exemplo.
Em breve, a capacidade de investigação da corregedoria será
aumentada. Hoje, há duas comissões processantes, cada uma com
cerca de 400 processos "represados", em andamento.
Mais uma comissão, formada
por procuradores do Estado, está
para ser criada, segundo o corregedor. Esse grupo, de acordo com
ele, irá atuar apenas nos casos
considerados "especiais", como
aqueles em que o funcionário foi
pego levando armas ou drogas
para os presos.
"Nossa idéia é ter uma decisão
em no máximo 90 dias, dentro do
período máximo em que o funcionário pode ficar suspenso."
Nunes afirma que tem se aproximado da polícia para resolver a
questão do tráfico e da corrupção
nas prisões. "Acionamos a polícia
sempre que percebemos a existência de um crime."
Em um desses casos, na Casa de
Detenção, um diretor e quatro
agentes, já transferidos, estariam
envolvidos com desvio de dinheiro de contas correntes de presos
que trabalhavam na unidade. Há
uma sindicância sobre o caso na
Corregedoria e um inquérito na
4ª Delegacia Seccional.
Sobre o tráfico de drogas, a Secretaria da Administração Penitenciária disse que não há um trabalho específico de controle, a
não ser revista de visitantes e inspeção periódica de celas.
Detenção
Informado na sexta-feira, por e-mail e telefone, a respeito das acusações que pesam sobre a Casa de
Detenção, o diretor do presídio,
Jesus Ross Martins, declarou que
está comandando uma sindicância interna para apurá-las.
O diretor planeja solicitar aos
jornalistas que tenham publicado
reportagens sobre corrupção na
Casa de Detenção que prestem
depoimento à comissão que apura as acusações de corrupção.
(ALESSANDRO SILVA E SÉRGIO DURAN)
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