São Paulo, domingo, 04 de março de 2007

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Mulheres são retratadas em textos

Dia internacional é comemorado na quinta-feira

Mulher vem do latim e significa esposa. Moça tem a ver com concubina e com meretriz.
Fêmea é o feminino de macho.
Outros sinônimos que se encontram no dicionário são: saia, filha de Eva, uma pobre de Cristo, matriarca, a mais bela metade do gênero humano, dama, madona, viúva, matrona, mulherão, ninfa, rapariga, galinha, porca, cadela, égua e cabra.
Pelo que saiba, sou mulher e o dia 8 de março é meu Dia Internacional. Mas não sou casada, nem amante ou prostituta; uso calças, não sou cristã, não vim de uma costela, minha família não é grande, não sou feia nem bonita e não dou atenção para todo mundo.
Assim, a única acepção com a qual me sinto mais proximamente identificada é mesmo com fêmea. Mas essa palavra também tem uma conotação quase estritamente animal e acho que já estamos (apesar de cada vez mais em queda) muito longe disso.
Como definir então uma criatura que é um útero atualmente também fálico, que quer proteger e ser protegida, que quer conter e ser contida? Alguém que permanece na caverna cuidando do abrigo e da prole, mas que também vai à caça e provê? Que é longeva e tem orgasmos múltiplos? (E não entendo como Caetano Veloso não sinta inveja também da maternidade e da lactação.)
Os textos a seguir ajudam a definir aquela sobre quem Clarice Lispector disse um dia: "Cavalo bravio, além de mãe, ela é ela. Essa pessoa que exige a liberdade de comer pipocas na rua. Amém".


NAOMI JAFFE é professora e escritora. Publicou "Folha Explica Macunaíma" (Publifolha)


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