Mesmo sem véspera de feriado, grandes acidentes ou greves, a CET registrou 149 km de filas pela cidade às 9h de ontem

De 2006 para 2007, a velocidade média nesse período caiu de 29 km/h para 27 km/h; à tarde subiu de 20 km/h para 22 km/h

DA REPORTAGEM LOCAL

O trânsito da cidade de São Paulo teve ontem, pela terceira vez em menos de uma semana, um novo recorde de congestionamento do ano pela manhã.
Não houve véspera de feriado, chuva ou greve do metrô que contribuíssem para os 149 km de filas registradas pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) às 9h, mas só pequenos acidentes, atropelamentos e quebras de veículos em vias estratégicas -como as marginais Pinheiros e Tietê e a avenida dos Bandeirantes.
À tarde, os patamares de engarrafamento na capital já eram semelhantes à média.
O nó do trânsito verificado ontem, aliado ao crescimento acelerado da frota, que atingiu 6 milhões de veículos na cidade, reflete uma tendência para a qual os motoristas paulistanos já devem ficar preparados.
O trânsito em São Paulo ficou mais lento de manhã. De 2006 para 2007, a velocidade média dos veículos nesse período caiu de 29 km/h para 27 km/h. À tarde, segundo a CET, até subiu -de 20 km/h para 22 km/h.
Alguns técnicos da empresa avaliam que parte da explicação está ligada ao fato de a tarde ser um horário tradicionalmente saturado devido às viagens concentradas na volta do trabalho -havendo margem mais reduzida para piorar.
Ou seja, quem tem uma atividade sem hora marcada prefere cada vez mais fazê-la pela manhã -período que costuma ter menos engarrafamentos, embora eles estejam crescentes.

Março
Essa realidade de congestionamentos acentuados pela manhã é típica também de março. Um levantamento feito pela Folha a partir de estatísticas históricas da CET mostra que, nesse mês, a lentidão pela manhã costuma superar até 35% a média anual -enquanto ao longo do dia os índices ficam semelhantes ao resto do ano.
Jaime Waisman, professor da Universidade de São Paulo, avalia que essa lentidão está ligada à volta às aulas, de forma mais assídua em março -e esse tipo de deslocamento tem grande impacto pela manhã.
O diretor de operações da CET, Adauto Martinez, acrescenta um outro fator. "É nesse período que a rotina volta ao normal. Muita gente ainda aproveita para atualizar os compromissos que não foram feitos no começo do ano."

Acidentes e câmeras
No dia de ontem, as interferências no trânsito foram variadas. Houve, por exemplo, batida de carro e moto na marginal Pinheiros -que ocuparam duas faixas da pista expressa.
Apenas até as 9h ocorreram 11 acidentes com vítimas -sendo quatro atropelamentos- na capital paulista e 66 atendimentos a ocorrências como caminhão quebrado ou automóvel parado sem gasolina.
O dado é semelhante ao de sexta-feira passada -porém com três atropelamentos a mais, acidente que agrava os efeitos no trânsito devido à demora para retirada da vítima.
Segundo a CET, a interdição de uma faixa por um veículo acidentado ou quebrado durante 15 minutos é suficiente para provocar 3 km de engarrafamentos -que demoram meia hora até serem dissipados.
Não é à toa que funcionários cobram há anos a recuperação de câmeras da CET para monitorar as condições do trânsito, identificar os problemas na via e agilizar as intervenções -das 276, somente 42% estão em funcionamento. A abertura de licitação para recuperá-las está prevista para este semestre.
A lentidão de 149 km acumulada ontem pela manhã superou a marca de 146 km da última sexta-feira e de 141 km da terça passada -em ambos os casos, também agravada por veículos quebrados e acidentes.
O diretor de operações da CET avalia que os patamares de trânsito em 2008 não estão muito diferentes dos de 2007 -e que, a partir de agora, não devem ser tão distantes do trânsito lento enfrentado ontem. "Eu diria que foi um dia medianamente complicado."
O recorde histórico de engarrafamentos pela manhã é de 2004 -com 191 km, agravados pela chuva. Na época, a área monitorada pela CET era de 557 km, contra atuais 845 km.
Segundo Adauto Martinez, em fevereiro deste ano os congestionamentos atingiram média de 13% das vias monitoradas pela manhã e 16% à tarde -dados semelhantes a 2007.


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