São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2008

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Monomotor usou combustível errado, diz polícia

Segundo delegado, foi usado querosene em vez de gasolina; aeronave caiu no Rio domingo e matou 4 pessoas

MÁRCIA BRASIL
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

O avião monomotor Cirrus SR 22 que caiu na manhã de domingo na Barra da Tijuca -causando a morte de quatro pessoas- foi abastecido com o combustível errado, diz a polícia. Foi usado querosene em vez de gasolina de aviação. "Está na nota fiscal emitida pela BR Distribuidora, empresa responsável pela venda do combustível", afirmou o delegado titular da 16º DP (Barra da Tijuca), Carlos Augusto Nogueira.
Nogueira disse que o responsável pelo pedido do combustível -que também acompanhou o abastecimento- foi o empresário Joci José Martins, 55, dono do avião, morto no acidente.
"Fico surpreso por saber que o erro foi de um dos ocupantes do avião. O empresário tinha autorização para voar, mas com certeza ele tinha muito menos experiência que o comandante [Frederico Carlos Xavier de Tola]". Martins assina a nota emitida pela BR Distribuidora.
O funcionário do terminal de abastecimento do próprio aeroporto de Jacarepaguá, responsável pelo abastecimento da aeronave, disse em depoimento que "um dos pilotos" fez o pedido de compra, acompanhou o procedimento e pagou.
"Estou convencido de que ele não teve culpa. Um dos dois pilotos acompanhou o abastecimento. Ele só não soube dizer qual dos dois quando mostrei as fotos. Aguardo agora o resultado das perícias da Polícia Civil e da Aeronáutica".
O erro no abastecimento poderia ter sido evitado se o responsável tivesse lido o adesivo em azul ao redor do tanque, avisando em português o combustível adequado: AVGAS - Octanagem mínima 100 LL ou 100/ 130, como consta do manual.
Segundo o diretor-executivo da Cirrus Internacional, John Bingham, todos os aviões da empresa no Brasil têm o aviso. Embora de maneira cautelosa, ele afirmou que, "se o avião realmente recebeu o combustível errado, é mais que provável que essa tenha sido a causa do acidente". Para o presidente da Cirrus Brasil, Sérgio Benedetti, "houve erro humano".
A Folha apurou que, se o avião fosse menos avançado, talvez voasse no limite. No turbo, o motor não funciona.
"Essas informações, ainda são extra-oficiais e aguardamos a confirmação", disse Bingham.


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