São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2010

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Bando ateia fogo em ônibus com passageiros

Em protesto depois de prisão de jovem, moradores da Cidade de Deus incendiaram o coletivo; doze pessoas se feriram

Seis pessoas ainda estavam internadas com queimaduras; rapaz preso disse a jornalistas que não deu ordem para queimarem condução

DA SUCURSAL DO RIO

Aos menos 12 dos 25 passageiros de um micro-ônibus sofreram queimaduras após o coletivo ser incendiado, anteontem, na Cidade de Deus (zona oeste do Rio). De acordo com a Polícia Militar, o ato foi em repúdio à prisão, pouco antes, de Leandro de Oliveira da Silva, 19, sob suspeita de tráfico.
O motorista Edson Cerqueira, 47, afirmou que foi obrigado a parar após o veículo ser atingido por pedras. Segundo ele, um homem com um galão com combustível ordenou que abrisse a porta.
"Imaginei que iam atear fogo. Mas supus que fossem esperar os passageiros descerem."
Houve corre-corre e uma passageira que caiu foi pisoteada, demorou a chegar até a porta e sofreu queimaduras. "Quando chegou à porta, um rapaz a puxou e a pegou no colo. Ele salvou a vida dela", contou Valéria Acosta, vizinha de Ana Sheila de Souza, 21, que teve 40% do corpo queimado. Das 12 pessoas queimadas, metade estava internada.

Outra versão
O depoimento do motorista do ônibus difere do que informou a polícia. Segundo policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), meia-hora depois da prisão de Silva -às 21h10, com 75 trouxinhas de cocaína- uma mulher que aparentava estar grávida fez sinal para o coletivo. Quando o motorista parou, pedregulhos e explosivos foram arremessados.
A PM logo enviou tropa do Batalhão de Operações Especiais à Cidade de Deus. Onze pessoas foram levadas para a delegacia, das quais três parentes de Silva: o pai, Argemiro Galdino da Silva, 49; o primo Alex Galdino, 28; e a irmã de 15 anos. Três grávidas foram interrogadas. Todos negaram envolvimento e foram liberados.
A jornalistas Silva afirmou não ter dado ordem para incendiar o ônibus e disse que quem fez "essa merda tem que ser preso". A polícia afirmou que identificou três suspeitos de queimar o ônibus.
Na favela, moradores disseram que o protesto decorreu de ameaças de PMs a Silva. Segundo uma mulher, que não deu o nome, os PMs disseram que matariam o rapaz assim que deixassem a favela.


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