São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2011

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Autor da velha guarda reclama de enredo atual

"É difícil entender júri", diz Ideval Anselmo, 70

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

O autor de Narainã (1977) e Almôndegas de Ouro (1979), Ideval Anselmo, aos 70 anos, ainda emplaca sambas enredos nas escolas de São Paulo.
"Mas está cada vez mais difícil", admite um dos maiores campeões do Carnaval paulistano de todos os tempos. Ele ganhou títulos quando letra e melodia eram julgadas de forma separada.
Desde 2007, não existe mais essa separação.
"É difícil entender o julgamento hoje. Sambas com letras ou melodias nem tão marcantes acabam ganhando a nota 10", afirma.
Segundo o compositor, que nos anos 1970 emplacou sambas principalmente na Camisa Verde e Branco, hoje, para mostrar uma música na quadra da escola, é preciso um investimento alto.
Os autores têm que montar um megashow, "que ajuda a atrair turistas", diz Anselmo.
De acordo com ele, é preciso gastar até R$ 15 mil para comprar bandeirinhas, levar a torcida e gravar os CDs de demonstração. "Tudo pago pelos compositores".
Não por acaso, os sambas enredos das escolas paulistanas costumam ter quase dez pessoas como autores. Assim, a conta fica menor para cada um dos autores.
"Se ganha, o compositor vai ficar com um pouco mais do que gastou. É praticamente elas por elas".
Apesar de tudo, Anselmo estará na avenida neste ano, "a não ser que chova", diz.
O samba da Camisa Verde e Branco que fala sobre a avenida Paulista é dele, e de mais cinco pessoas.
"Este é meu chão. Vou pisar nele", diz o compositor. "Minha roupa está pronta. Só não vou se chover".
A tradicional escola da capital, que está no grupo de acesso, desfila no domingo.


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