São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

TOSHIO KINOSHITA (1936-2011)

Trocou a barbearia pela cozinha

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Às quartas, quem não topava uma feijoada fazia fila no Kinoshita, na Liberdade, porque lá era dia de kare rice.
O prato foi um dos maiores sucessos de Toshio Kinoshita, japonês nascido na ilha de Hokkaido que chegou ao Brasil em 1961. Trata-se de uma espécie de estrogonofe com arroz, temperado com curry, que o cozinheiro fazia de um jeito muito próprio.
Toshio, porém, veio ao país com a mulher, Tachiyo, como barbeiro e logo montou um salão. Quando tinha duas unidades no centro de São Paulo, um amigo lhe ofereceu ajuda para que ele abrisse um restaurante. Ele topou.
Com chefs da Liberdade, aprendeu vários segredos. Às vezes, até dormia em restaurantes para absorver mais.
O primeiro restaurante Kinoshita foi aberto em 1976, na rua Tomás Gonzaga, ao lado da antiga barbearia. Depois, foi para a rua da Glória.
Por seis anos, teve até uma filial em Curitiba (PR). Há três anos, está na vila Nova Conceição, em SP, tocado pelo genro, Tsuyoshi Murakami.
Tranquilo, Toshio gostava de ensinar os funcionários -muitos trabalharam por mais de 30 anos com ele.
Ultimamente, afastado da cozinha, presidia a Associação Hokkaido, que ajuda jovens vindos da ilha japonesa.
Nos últimos anos, ele e a mulher ganharam vários campeonatos de caraoquê. Em maio, fariam 50 anos de casados e iriam ao Japão.
No fim do ano passado, porém, descobriu um câncer de pulmão, que o levou à morte no sábado, aos 75. Teve dois filhos e três netos.
O kare rice não é mais servido no Kinoshita, apesar de os clientes ainda pedirem.

coluna.obituario@uol.com.br


Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: Baticum - Xico Sá: Festa perdeu a beleza da gostosa normal
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.