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INTOLERÂNCIA
Vítima sofreu golpes de pedaços de pau e teria sido arrastada pelas ruas de Maribondo amarrada a uma moto
Militante gay é apedrejado e morto em AL
XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL
Atacado a pedradas nas ruas de
Maribondo, município alagoano
a 80 km de Maceió, morreu anteontem o desempregado José
Márcio Santos Almeida, 33, militante do Grupo Gay de Alagoas.
Vítima de intolerância de jovens
da cidade, o homossexual foi apedrejado na quarta-feira da semana passada. Como Maribondo
não tem hospital, Almeida ficou
na sua casa, sem assistência médica, até o dia seguinte, quando foi
transferido para a capital.
Além de ser alvejado por pedras, ato de violência que virou
um espetáculo público no centro
da cidade, Almeida sofreu golpes
de pedaços de pau. Os agressores
também cuspiram nele.
"Comenta-se também que teria
sido amarrado a uma moto e arrastado pela cidade", disse ontem
à Folha o delegado Ailton Cavalcante, que investiga a autoria do
crime em Maribondo, município
de 15.145 habitantes. "O rapaz era
homossexual, todo mundo sabia,
mas era gente boa, não mexia
com ninguém por aqui."
Três possíveis autores do crime,
dois menores e um adulto, tiveram prisão preventiva decretada,
mas negaram participação.
A suspeita é de que o grupo responsável pelo assassinato seja
composto por pelo menos dez
pessoas.
A polícia chegou aos suspeitos
detidos por meio de informações
da família de Almeida. Pouco antes de morrer, na Unidade de Terapia Intensiva do hospital Armando Lages, em Maceió, o militante teria citado os nomes de vários rapazes que teriam iniciado o
apedrejamento.
O homossexual sobrevivia de
"bicos", como pequenos serviços
domésticos para moradores. Segundo o delegado, era uma pessoa pacata e nunca teve o seu nome envolvido em confusões.
Esquartejado
Em 1993, outro crime bárbaro
contra um homossexual ocorreu
em Alagoas. O vereador Renildo
José dos Santos, da cidade de Coqueiro Seco, foi esquartejado e
queimado. O corpo foi jogado
dentro de um rio no interior de
Pernambuco, Estado vizinho.
Levantamento do Grupo Gay da
Bahia registrou 1.960 assassinatos
de homossexuais entre 1980 e
2000. São Paulo é o Estado onde
acontece o maior número de crimes por perseguição sexual, de
acordo com o estudo.
O Nordeste, no entanto, é a região que concentra o maior número de crimes definidos como
homofóbicos, com um terço das
ocorrências. Alagoas é o segundo
lugar mais violento. Pernambuco
é o primeiro na estatística.
No ano em que foi realizada a
pesquisa, 2000, São Paulo teve 28
mortes. Pernambuco registrou 18
mortes e em Alagoas ocorreram
dez assassinatos de homossexuais. Na maioria dos crimes, informa o estudo, há requintes de crueldade, como no caso do apedrejamento ocorrido no município de Maribondo.
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