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São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2003

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POLÍCIA

A carga foi deixada no acostamento da rodovia dos Imigrantes pelos ladrões, que levaram só a parte da frente do veículo

Carreta com 22 t de dinamite é roubada

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

No momento em que o país volta suas atenções para o crime organizado, por causa de atentados, inclusive com bombas, três assaltantes mostraram ontem em São Paulo como pode ser fácil arrumar explosivos: eles roubaram uma carreta carregada com 22 toneladas de dinamite. A carga foi depois abandonada.
A ação dos ladrões, quase padrão para roubos de caminhões no Estado, aconteceu por volta da 1h, no pátio de um posto localizado no km 56 da rodovia Castelo Branco, na região de Araçariguama (50 km de SP).
O motorista, Giovani Peruchi Griebeler, 31, que vinha de Lorena para descarregar em Sorocaba, parou para dormir ali.
Durante a madrugada, três homens armados quebraram o vidro da cabine da Scannia e renderam o motorista. ""Não queremos a carga, apenas o "cavalinho" [caminhão"", teria dito um dos ladrões ao motorista, segundo o depoimento dele à polícia.
Enquanto a carreta era levada, Griebeler seguia para um matagal. Às 6h20, ele foi solto e conseguiu ajuda da polícia rodoviária.
Aparentemente, o grupo não sabia o que tinha em mãos, segundo o delegado Mauro Fachini, do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubo e Assalto), porque a carreta com os explosivos foi localizada pela polícia abandonada no acostamento da rodovia dos Imigrantes, perto de Diadema (Grande SP). Apenas o veículo da frente havia sido levado.

Alerta
O sumiço da carga colocou em alerta o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) da Polícia Militar e o Esquadrão Anti-Bombas da Polícia Civil.
Todo o material disponível no veículo -12 mil kg de dinamite, 10 mil kg de explosivo granulado, 7.500 metros de cordel de detonação e 300 reforçadores (de detonador)- poderia estar indo para quadrilhas e servir para novos atentados.
Nos últimos 12 meses, a polícia paulista desarmou dois carros-bomba preparados pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) com material semelhante ao que foi roubado. No mesmo período, ocorreu ao menos uma fuga de presos, em Diadema, após abertura, com explosivos, de um buraco na parede da cadeia.
Mesmo com o carregamento, os assaltantes não teriam como construir uma bomba, segundo o capitão Diógenes Viegas Dalle Lucca, comandante do Gate. Faltaria o detonador, a peça que dá início à explosão, e que sempre é transportada separadamente.
Segundo as duas polícias, a carreta levava os explosivos para uma pedreira, como determina a lei, com autorização do Exército, que tem a competência de controlar e fiscalizar esse tipo de material. A atual legislação não exige escolta armada.
Ontem à noite, a polícia transferiu o carregamento para um pátio, cuja localização não foi revelada, para contagem do material peça por peça. Funcionários da empresa Orica do Brasil Ltda, de Lorena, ajudariam na conferência.
O trecho da rodovia Castelo Branco, perto de Araçariguama, onde sumiu a carreta, registra cerca de quatro roubos de caminhões por semana, segundo a Polícia Civil da cidade, entre os kms 48 e 57. Quase sempre os motoristas são surpreendidos quando estão parados no acostamento ou dormindo em postos à noite.


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