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Controladores de vôo reclamam de retaliações e abandono
DA AGÊNCIA FOLHA
Com o endurecimento do governo Lula em relação aos controladores de vôo e a divisão na
categoria sobre quais atitudes
tomar daqui para frente, o clima de tensão no interior dos
Cindactas se agravou ontem. As
reclamações vão de retaliações,
supostamente cometidas por
comandantes contra os operadores, até a fiscalização leniente, também por parte da chefia.
No Cindacta-3, com sede em
Recife, a tensão entre os controladores e o comando aumentou depois da determinação de novas regras e restrições
para os controladores de vôo,
assinada pelo coronel-aviador
José Alves Candez Neto, comandante do centro.
O documento reservado, ao
qual a Folha teve acesso, restringe o ingresso e a circulação
dos controladores na unidade
militar. Eles só podem entrar
30 minutos antes do turno e
são obrigados a sair no mesmo
prazo após o fim do serviço.
Também foi bloqueado o
acesso à internet e à rede interna de comunicação. Além disso, há determinação para que
os controladores em férias não
voltem "até segunda ordem".
O comando determina também que "deverá ser alocado
um sanitário exclusivo para os
controladores".
Um dos itens que mais desagradou aos controladores foi a
obrigação de utilizarem um
uniforme diferente dos demais
membros da Aeronáutica, ou
até mesmo trajes civis.
Segundo um dos controladores, que não quis se identificar,
as medidas são uma forma de
segregá-los em relação ao restante da equipe.
A reportagem entrou em
contato com o tenente-coronel
Marcos da Silva Lauro, responsável pelo setor de Comunicação Social do Cindacta-3. O oficial negou conhecimento de
novas regras para o trabalho
dos controladores de vôo.
Já no Cindacta-4 (região
amazônica), segundo a ABCTA-Manaus (Associação Amazônica de Controladores de
Tráfego Aéreo), com exceção
do comandante local, Eduardo
Carcavalo, os outros oficiais de
chefia estão afrouxando tanto a
fiscalização quanto a orientação aos operadores de vôo.
"A fiscalização efetiva feita
pelos oficiais, seja para orientar ou para cobrar, deixou de
existir um pouco. Os oficiais
estão aparecendo bem menos
no centro de controle", afirmou o sargento Wilson Aragão,
presidente da ABCTA-Manaus.
Segundo Aragão, os controladores estão dispensados de
fazer outras atividades militares, como serviços de guarda.
"De dezembro para cá, estamos trabalhando em uma escala limite e não sobra tempo para exercemos funções militares, como trabalhar na guarda
ou comandar comissões."
Segundo a associação, o Cindacta ainda sofre com problemas nos equipamentos como
radares e rádios, que comprometeriam o entendimento das
mensagens emitidas.
Aparentemente, o Cindacta-2, em Curitiba, é onde o clima
está mais tranqüilo. Os oficiais
da Aeronáutica voltaram ontem a chefiar as equipes de
controladores de vôo, após dois
dias só dedicados a cuidar do
patrimônio na sala onde estão
instalados os equipamentos do
centro de controle.
Lá, não havia notícia de retaliação e, antes da volta dos oficiais, os turnos preestabelecidos foram seguidos.
(MARCO BAHE, CÍNTIA ACAYABA, KÁTIA BRASIL e MARI TORTATO)
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