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Bom senso de fiscal define multa, diz prefeitura
Andrea Matarazzo afirmou ainda que a Lei Cidade Limpa será cumprida
Kassab disse que antes de dar a punição, o fiscal deve seguir um "procedimento", que consiste na orientação
e na entrega de cartilhas
DO "AGORA"
A Prefeitura de São Paulo
disse ontem que, apesar de a
Lei Cidade Limpa estar em pleno vigor e a fiscalização municipal já poder multar quem tiver fachadas irregulares, a decisão de aplicar as punições dependerá da adoção de um "procedimento"- que não possui
regras e prazos fixos- e do
"bom senso" dos fiscais.
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM) disse ontem que a administração não trabalha "com
datas nem estimativas de início
de multas" em relação aos
anúncios indicativos- aqueles
que descrevem o nome e ramo
de atividade na frente dos estabelecimentos. Afirmou ainda
que antes das multas a fiscalização adotará um "procedimento". "Não é correto, não é
de bom senso, por parte da prefeitura, iniciar o procedimento
multando. O procedimento começa pela visita, pela conversa,
pela orientação e pela distribuição de cartilhas." A administração não informa, porém, se tais
condutas têm prazos ou se serão aplicadas a partir de regras
fixas que valerão para todos.
Andrea Matarazzo, secretário municipal de Coordenação
das Subprefeituras, órgão centralizador da fiscalização, diz
que os agentes fiscais deverão
seguir o "bom senso" para definir quando aplicarão multas
para comerciantes com fachadas irregulares.
Indagado se não causaria insegurança à população o fato da
escolha do momento da aplicação das multas ficar a cargo dos
fiscais, Matarazzo reafirmou
que "tem que haver o bom senso da fiscalização". Ante a insistência da reportagem, disse que
"existe uma lei, e não podemos
ir contra a lei existente. Esperamos que a fiscalização trabalhe
de acordo com a orientação e as
prioridades de hoje. De resto,
ela tem que cumprir a lei".
Chance de anular
Para o advogado Luiz Tarcísio Teixeira Ferreira, mestre
em direito do Estado e secretário de Negócios Jurídicos durante a gestão Marta Suplicy
(PT), uma decisão que cabe ao
governo não pode ficar na mão
de um fiscal. "Ou a atitude é
proibida ou é permitida. Não
pode ficar a critério de cada fiscal." Para ele, se isso acontecer,
quem for multado poderá recorrer à Justiça com chances de
conseguir a anulação.
Matarazzo informou que
ninguém poderá recorrer contra multas alegando não ter
passado pelo "procedimento"
informado por Kassab. "Não
tem isso aí (recorrer com base
na falta do "procedimento"). É
uma questão legal, você tem
que cumprir a lei." A prioridade
da fiscalização sobre o cumprimento da legislação será sobre
os outdoors, totens e propaganda em prédios, diz Matarazzo.
As dúvidas do comércio sobre a aplicação da lei já está
sendo aproveitada por criminosos para aplicar golpes.
Há cerca de um mês, dois falsos fiscais pediram ao gerente
de uma loja na rua Amaral Gurgel, na Vila Buarque (centro),
uma "colaboração financeira"
para não multar. Mas os funcionários do local perceberam o
golpe e não pagaram nada.
(FLÁVIO FERREIRA E FÁBIO GRELLET)
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