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Operação da polícia mata 10 pessoas em favelas do Rio
Ação ocorre 6 meses após operação que deixou 13 mortos na mesma região, na zona oeste
Para secretário de Segurança, operação "foi bem sucedida'; para cientista social, porém, mortos indicam "ineficiência da política de segurança"
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Seis meses depois de matar
13 pessoas na favela da Coréia
(zona oeste do Rio), a polícia
voltou à região e deixou dez supostos criminosos mortos em
operação na mesma comunidade e na vizinha Vila Aliança.
Cerca de 150 policiais participaram da operação, que durou
sete horas e teve início na manhã de ontem. Seis pessoas foram presas e três fuzis, duas
submetralhadoras, quatro pistolas, três revólveres, uma caixa de explosivos, granada e drogas foram apreendidos. Nenhum policial se feriu.
O secretário de Segurança do
Rio, José Mariano Beltrame,
afirmou que a operação "foi
bem sucedida". Ele disse que a
polícia não vai à favela "com o
intuito de matar", mas, no local,
encara "a barbárie".
Em 17 de outubro, 350 policiais foram à favela da Coréia
com o mesmo objetivo: apreender armas e drogas. Treze pessoas foram mortas pela polícia
e, durante o confronto, uma
criança e um policial morreram. Na operação, policiais mataram, de um helicóptero, dois
homens desarmados.
Quase seis meses depois, traficantes do Terceiro Comando
Puro -facção que controla as
drogas nas favelas no bairro de
Senador Camará, na zona oeste- trocaram tiros com policiais por sete horas.
"Essas quadrilhas são espalhadas pelo município e sempre têm como repor o que lhe é
retirado de circulação", afirmou o chefe de Polícia Civil,
Gilberto Ribeiro.
"Infelizmente no Rio é essa
situação. Nós não vamos permitir que isso se alastre. Para
terminar com isso somente
com ações não pertinentes à
Secretaria de Segurança que estão sendo feitas através do PAC
[Programa de Aceleração do
Crescimento], que levem dignidade à vida do cidadão", afirmou Beltrame.
Ineficácia
Para a cientista social Silvia
Ramos, porém, mais uma operação com muitos mortos mostra a "ineficácia e a ineficiência
da política de segurança pública no governo [Sérgio] Cabral
[PMDB]". Ela lembrou a queda
nas apreensões de armas e drogas (queda de 16,6% e 6,2%, respectivamente, comparando
2007 e 2006) e o aumento no
número de mortos pela polícia
(27,3%).
"Esperamos que, nas áreas
do PAC, eles reconheçam que
fizeram tudo errado", afirmou.
De acordo com policiais,
agentes se aproximaram de um
dos chefes do tráfico local, Márcio da Silva Lima, o Tola, e os
traficantes reagiram de forma
mais violenta. Ele havia fugido.
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