São Paulo, Domingo, 04 de Abril de 1999 |
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ENQUETE 38 defendem perda de mandato, um voto a mais do que o mínimo necessário Já há votos para cassar Viscome, caso o vereador não renuncie
da Redação Levantamento feito pela Folha mostra que, caso não renuncie, o vereador Vicente Viscome (sem partido) deve ter seu mandato cassado em votação pela Câmara Municipal de São Paulo. Dos 55 parlamentares da Câmara, 38 (69%) se disseram favoráveis à cassação e 16 (31%) não responderam. Somente o próprio Viscome não foi procurado. Ele estava foragido e, desde quarta-feira, está preso na Corregedoria da Polícia Civil, no centro de São Paulo. Nenhum dos vereadores que responderam ao questionário afirmou que o mandato de Viscome deve ser preservado. Para cassar o mandato de um vereador são necessários pelo menos 37 votos favoráveis (o correspondente a dois terços do total). Ou seja, a pesquisa mostra que, antes mesmo de iniciado o processo de cassação, já há apoio suficiente para aprovar a perda de mandato de Viscome. Ele é acusado de comandar o esquema de cobrança de propina na Administração Regional da Penha. Segundo denúncias feitas à polícia, Viscome seria o beneficiário de arrecadações irregulares. No caso da empresa de coleta de lixo Enterpa Ambiental, por exemplo, a própria firma confirmou que pagava cerca de R$ 100 mil por mês para não ser multada. Fiscais da Penha disseram que parte da propina ficava com Viscome. Viscome tem dito que desconhecia os esquemas de extorsão que têm sido apontados na Penha. A polícia acredita que seu depoimento pode mudar hoje, ao ser colocado frente a frente com a assessora Tânia de Paula, principal testemunha contra o vereador. Vergonha A Folha também perguntou se, com as denúncias envolvendo a Câmara, os parlamentares sentem vergonha de se apresentar à população como vereador. A maioria -53%- afirmou que não se sente envergonhada. Só 10 vereadores admitiram constrangimento. Para uso externo, cada vereador sustenta que pessoalmente não se constrange com as denúncias de que a rede da propina chega à Câmara. A resposta padrão é que só os envolvidos com a corrupção devem sentir vergonha. (ARIEL KOSTMAN)
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