São Paulo, Sexta-feira, 04 de Junho de 1999
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SAÚDE
Vacina contra a infecção pelo papilomavírus humano, que provoca a doença em mulheres, está em fase de estudo
Câncer de colo do útero pode ser controlado

JULIO ABRAMCZYK
Redator-médico

Uma importante causa de morte em mulheres atualmente pode ser controlada. É o câncer de colo do útero (a porção inicial e mais estreita do útero), que é provocado por um vírus -o HPV (papilomavírus humano).
A medicina está muito próxima de eliminar o câncer cervical. Uma das formas poderá ser com uma vacina contra a infecção pelo HPV, que está em fase experimental.
Resultados iniciais apresentados em reunião da Organização Mundial da Saúde, em fevereiro deste ano, sugerem que a vacina profilática poderá impedir o aparecimento do câncer de colo uterino.
A infecção pelo vírus pode surgir nos primeiros anos de atividade sexual, já que é transmitida sexualmente. A célula do colo do útero infectada pelo vírus demora anos para transformar-se em uma lesão pré-cancerosa. E, nesse período, não apresenta sintomas.
No colo do útero, quando a pequena verruga é retirada precocemente, o problema é afastado. No caso de a pequena lesão não ser diagnosticada, poderá se transformar em um tumor maligno invasivo (que tende a se espalhar para outros tecidos).
Atualmente, são diagnosticados, a cada ano, 500 mil casos novos de câncer de colo uterino em todo o mundo. Cerca de 80% das 300 mil mortes acontecem em países em desenvolvimento. No Brasil, para a previsão dos 22 mil casos novos do ano passado, a estimativa é de 7.000 mortes.
Enquanto a vacina não vem, a prevenção está sendo realizada pelo exame ginecológico Papanicolau e pelo rastreamento do HPV. A identificação do vírus se baseia, entre outros exames, pelo teste para HPV Digene de Captura Híbrida. O exame diagnostica a presença do vírus oncogênico (gerador de tumores) muito tempo antes de surgirem as lesões iniciais.
O câncer de colo do útero é uma doença de evolução lenta. Estudos sugerem que o período que uma célula normal leva para se transformar em uma lesão pré-tumoral é de 13 a 15 anos. Dessa forma, o rastreamento de rotina permite identificar precocemente o problema ainda na fase em que o tratamento oferece 100% de cura.
Estudos têm mostrado que o pico da incidência do HPV está em torno dos 25 anos, com 15% de portadoras da infecção. A partir dessa idade, declina a presença do vírus oncogênico, estabilizando-se em 3% a 4% acima dos 35 anos.
Em relação à idade para o exame preventivo, o Ministério da Saúde recomenda o teste de Papanicolau dos 25 aos 60 anos. Após dois exames negativos, com intervalo de um ano (para afastar a possibilidade de falsos negativos), a mulher poderá fazer a cada três anos o exame colpocitológico, que dá uma visão direta do colo do útero.


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